Nostalgia latente e saudade existencial

Prólogo:

“A juventude é uma idade horrível que apreciamos apenas no momento em que sentimos saudade dela.” – (A. Amurri);

“Sentimos a dor, mas não a sua ausência.” – (Arthur Schopenhauer);

“Alguns adultos fazem de tudo para viver apenas o presente em morredouro instante.” – (Wilson Muniz Pereira).

Em silêncio, encontro-me no imaginário jardim florido onde faço cogitações excelsas. Moluscos e minhocas disputam uma loca úmida, fresca, lodosa, escura. Entre pedras de origem vulcânica que eu trouxe de Fernando de Noronha, quando lá residi por mais de três anos, esses animaizinhos frágeis encontram o refúgio ansiado.

Pela transitoriedade da vida, às vezes, penso que urge correr a favor das melhores conquistas não apenas pessoais, mas, principalmente, sociais. Nessa quietude de meu jardim, ouvindo uma música inebriante “conquest of paradise”, onde o músico grego Vangelis (nome artístico de Evángelos Odysséas Papathanassíu) causa-me delírio, uma embriaguez sintomática de excitação (frenesi) "sui generis", busco respostas para indagações de meu espírito em transe nostalgico.

Da cozinha sinto, trazido pela brisa matutina, o cheiro aromático de ovos mexidos; do café forte, pisado em pilão rústico; do leite fresco e queijo assado; da manteiga de garrafa; do pão e da carne-de-sol que chia no braseiro vivo; do cuscuz de milho... A fazendazinha, de apenas seis hectares, fornece quase todos esses ingredientes.

Todos esses devaneios estão associados ao passado, embora vividos hoje, em plena turbulência e efervescência do cotidiano, da sobrevida sofrida em uma Zona caótica Urbana.

Nostalgia é um sentimento que surge a partir da sensação de não poder mais reviver certos momentos da vida. O interessante sobre a nostalgia é que ela aumenta ao entrar em contato com sua causa e não diminui como o sentimento da saudade. Nostalgia descreve uma sensação de saudade de um tempo vivido, frequentemente idealizado e irreal.

Exemplo: Se alguém sente saudade ou falta de um conhecido, este sentimento cessa ao se reencontrar a pessoa, com a nostalgia é exatamente o oposto, ao reencontrar um (a) amigo (a) que gostava de brincar, este sentimento nostálgico irá se alimentar e não diminuir como a saudade ou como aquela paixão que você nunca conseguiu esquecer e quando ouve uma música se lembra daquele tempo.

Costumeiramente associa-se o sentimento nostálgico a emissões sonoras de baixa frequência. Ora, isso é coisa de físico ou cientista sábio e eu sou apenas um autodidata sonhador nostálgico. A nostalgia é também conhecida pelo termo RETROFILIA!

Trata-se de um mal-estar de corpo e alma, a objetos, algum malfeito por alguém, normalmente conhecido e supostamente leal, de confiança. Essa inquietação, quase sempre passageira, é chamada de sensação de desconforto, doença ou falta de bem-estar que pode ser causada por algum tipo de transtorno ou problemas pessoais e de trabalho, na vida privada, familiar, etc.

O desconforto está associado a uma sensação de cansaço e falta de energia e vitalidade para realizar suas atividades habituais. Na cultura de massa, a nostalgia ou retrofilia é separada por décadas (como "nostalgia 60/70" ou "nostalgia 80/90"), representando o conjunto de produtos culturais de uma época, como filmes, canções, brinquedos, etc., geralmente destinados a crianças e adolescentes. Ora, Eu já sou um ancião, embora não totalmente decrépito, que continua preso às beatitudes do pretérito.

Esta nostalgia começa, naturalmente, assim que a década termina, e se manifesta em atitudes como guardar e/ou colecionar objetos antigos, ou apenas se interessar por discussões e leituras sobre o tema. Esse fenômeno ocorre porque, diante do mundo adulto, é comum recordar a infância como forma de fuga do presente que se vivencia. Além das lembranças individuais, há também a dos produtos culturais da época, criando uma identidade nostálgica entre pessoas de mesma idade.

CONCLUSÃO

Desejo concluir meu texto, em forma de exteriorização de um devaneio, transcrevendo uma parte de uma publicação aposta no Recanto das Letras (“Imorredoura infância”). Para ler o texto completo, se quiser, poderá acessar o link abaixo:

“O que virá depois dessas notáveis lembranças do ontem será o hoje e o amanhã que terão o condão de me manter vivo, com a mente febril pelo fiel irreproduzível devaneio de minha iniciação nos mistérios dos adultos... Eles mantêm, sem amor, seus corpos em ebulição. Eles sim fazem de tudo para viver apenas o presente em morredouro instante.”.

http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=23369):