Cordel Encantado
A Volta dos Mortos-vivos
A novela Cordel Encantado terminou essa semana, a audiência foi muito grande, devido ao exótico cenário e cultura, sendo muito importante para as pessoas conhecerem as desigualdades do nosso imenso país.
A trilha sonora da novela foi uma verdadeira aula de literatura, com músicas ligadas ao tema de qualidade incomum, principalmente com as músicas do falecido Chico Science e Alceu Valença.
O grande vilão da novela, aquele que move a trama, Timóteo Cabral, teve um fim sem sentido, depois de receber um balaço, voltou a infernizar os personagens, sendo queimado na trama; mas o interessante é que a novela teve muitas cenas de tiroteio e esfaqueamento, mas com todas as desavenças, pouca gente foi a óbito, tornando-se assim uma referência até para as cidades grandes, somente assim as mortes violentas diminuiriam.
Cícero foi o primeiro, esfaqueado pelo vilão da novela, quase com as tripas de fora, voltou do caixão; Jesuíno cansou de beirar a morte, até ser enforcado, mas a garota da foice sempre dava um desconto, parecendo estar encantada com seu sotaque nordestino “Made in Rio”; Açucena desde pequena driblou a “foiçuda”; até o General Baldini, fez “o drible na morte”, de herói virou bandido, voltando a ser herói por receber um balaço no peito, ele não se fez de rogado, curou-se e assumiu sua filha bastarda; o compreensivo e civilizado cientista do galho grande, foi alvejado na cabeça, mas fez valer o seu título, voltou forte sem seqüela nenhuma, os médicos deveriam ganhar um prêmio pela grande façanha; mas façanha mesmo foi o Duque Pétrus da máscara de ferro, foi torturado em seu reino anos seguidos com aquilo na cabeça, contudo a tortura também foi dimensional, pois ele estava preso em um continente e acordou em outro, não se fazendo de rogado tirou o atraso dando uma de Ricardão com a esposa de seu grande amigo “galhudo”, que assumiu a pontada voltando para os braços da sua amada definitivamente.
Em uma terra perigosa, o saldo foi positivo, somente o ganancioso Rei de Seráfia do Sul, uma figurante atropelada, a genitora de Aurora e os vilões sucumbiram, ficando sem as benesses da história dos mortos-vivos, mas em uma novela de cangaceiros e guerras medievais alguém tinha que morrer; vamos torcer para não se estender a trama, senão os mortos-vivos voltam, mais fortes e corados do que nunca.
Fico aqui desejoso que Salvador se torne um reino das Seráfias, assim os mortos que se amontoam todas as semanas, voltariam - pelo menos os bons - para dizer quais foram os seus algozes, pois se depender de investigação, vai ficar como no Cordel Encantado, com um Rufino e Outro paçoca; quanto aos políticos brogodozeses não precisa dizer nada, sabem direitinho como se comportar, bem inspirado nos nossos.
Mas como a arte imita a vida, ficamos aqui desejosos que um príncipe com princípios venha de algum lugar no final do mundo e administre a nossa cidade tão necessitada de ajuda, pois os políticos daqui estão precisando se exilar numa cidade perdida no meio do sertão.
Marcelo de Oliveira Souza