Carta aos Miseráveis.
Senhores,
Parabenizo-os pela corretíssima decisão tomada na última semana. Já era em tempo de deixarem de pensar tanto nos outros, e olharem um pouco para dentro dos seus próprios lares, que estavam em um grande abandono, mediante tão pequena entrada de capital. Realmente, com um salário tão baixo assim não dá para se viver, é um verdadeiro absurdo. O que se consegue comprar com R$ 12.847,00? Nada, absolutamente nada. Com tão pouco não se compra nem um carro de luxo, tão pouco um iate, sequer uma mansão no Morumbi. Nem mesmo com a ajuda proporcionada pela renda das suas esposas, como assessoras de gabinete, ou dos seus filhos, como funcionários públicos fantasmas, a situação melhora. Os senhores vivem em uma miséria de dar dó.
Esse pequeno reajuste veio em boa hora, apesar do aumento de apenas 100%, que concordo ser baixíssimo diante do imenso esforço que fazem todos os dias nesse árduo trabalho. Sei que R$ 24.500,00 ainda não dá para manter uma vida decente, mas já alivia um pouco o orçamento. Já poderão comprar roupas melhores, ir a restaurantes mais elegantes, e comprar jóias um pouco mais valiosas.
Desejo sinceramente que no futuro os senhores tenham salários mais dignos, tanto quanto a população brasileira, que no mínimo ganha o absurdo valor de R$ 350,00 por mês, que chegam a causar inveja a qualquer um. Enfim, meus queridos PARLAMENTARES, um dia os senhores poderão se esbaldar com o belo e esplendoroso salário de um operário, ou de uma empregada doméstica, ou até mesmo de um gari, basta acreditar e chegarão lá.
Um forte abraço,
* texto publicado no jornal "Cruzeiro do Sul" da cidade de Sorocaba na edição de 01 de janeiro de 2007.