NOBEL DA PAZ PARA GEORGE W. BUSH

** Texto publicado no jornal Diário da Manhã, edição de 19 de maio de 2003.

Confesso com uma ponta de vergonha que ainda não me adaptei às novas normas da vida. A guerra, por exemplo, consegue me indignar mesmo que fria. Não há temperatura para as guerras.

Confesso que fiquei estarrecido e me senti ingênuo quando um parlamentar norueguês sugeriu George W. Bush e Tony Blair para receberem o Nobel. Imaginem: da Paz. O Senhor da Guerra concorrendo ao prêmio máximo da paz. Qual seria a justificativa? Poderia ser assim: “Concedemos o prêmio Nobel da Paz de 2003 ao senhor presidente dos Estados Unidos da América, George Walker Bush, por ter promovido a paz mundial. Graças aos seus canhões e mísseis certeiros, podemos respirar aliviados, na certeza de que a sua guerra nos promoveu a paz. Graça aos corpos dos iraquianos, ao seu sangue muçulmano, estamos respirando a atmosfera da paz e estamos desde já sentindo o reino da tranqüilidade nos rodeando”.

Bush sorriria e diria: “Obrigado! Deus salve a América!” E todos nós o aplaudiríamos, certos de que o chumbo americano nos garantirá a tão sonhada paz mundial. Como brasileiro e patriota, sugiro Fernandinho Beira-Mar para o Nobel da Paz do próximo ano.