É Natal !

Depois de um ano de espera, aí está, outra vez, vivo, alegre e iluminado, o Natal de Jesus. Na verdade, apenas celebramos a memória de um fato que ocorreu há cerca de dois mil anos, mas que teve a força, como nenhum outro, de sempre se manter atual, e de haver fendido o calendário dos homens em dois segmentos; antes e depois de Cristo.

Eu tenho manifestado, ao longo do tempo que escrevo, uma preocupação e até uma angústia pela maneira como as pessoas festejam o Natal. Existem coisas que são características da festa: a alegria, o abraço, os presentes, os sorrisos, as mensagens.

A alegria prende-se à lembrança do nascimento do Deus-menino. Os presentes, ligam-se igualmente à alegria. Os magos vieram do Oriente trazendo presentes. Os homens, em júbilo pelo Natal, trocam presentes... Mas não é essa a essência do Natal! As mensagens, os cartões de festas, tudo indica a festa que ocorre nos corações: Jesus nasceu, chegou aquele que nos foi dado como dom amoroso do Pai, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida (e vida em abundância).

No Sul há, quem sabe como componente das culturas imigrantes, uma preocupação com a higiene: pinta-se casas, lava-se tapetes e cortinados, usa-se roupas novas... Isso tudo tem um significado e liga-se à limpeza e à renovação interior despertada pelo Natal. É pena - e é isso me angustia - que todas essas formas de celebração (os presentes, as mensagens, a festa, a limpeza) às vezes caiam no mercantilismo consumista que coloca a mística de lado e ressalta a parte material do evento.

Têm pessoas que dão presentes, ficam alegres, mandam mensagens, pintam as casas no puro estilo material, sem interiorizar o conteúdo principal do evento, fazendo, como dizem, uma enorme festa e se esquecendo do aniversariante. É preciso, mais que nunca, em nosso pobre Brasil corroído pela corrupção, pela fome, pela insalubridade, pelo egoísmo neoliberal e alimentado pelas sombras da impunidade, que a gente resgate a imagem do Natal.

Primeiro em nossos corações, depois em nossa sociedade. Há muita gente, muitos pobres, muitas crianças e idosos de asilo ou hospitais que não sabem o que é Natal. O Natal é uma festa de amor e solidariedade. Cabe a nós mostrar-lhes o vigor da festa do Menino-Deus que veio. Há pessoas tristes, solitárias e desesperançadas.

Nossa “ação-Natal” pode ter neles um objetivo de amor e de presença. As “novenas de Natal” são boas, mas terão valor relativo se nos fecharmos em nossas orações esquecendo o sofrimento dos outros. É emocionante ver que Deus se valeu do que há de mais frágil, uma criança, para se mostrar ao mundo.

Convido a todos a viver um Natal em que a reconciliação, a solidariedade e a presença sejam nosso grande presente colocado, no presépio, aos pés do Menino.

Um Feliz Natal a todos!

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 18/12/2006
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