CRIME SEM SOLUÇÃO?
Crime sem solução?
Nada irá preencher no peito de Juliana Cristina Pessoa o buraco deixado com o assassinato de seu filho Thiago Viandeli Costa, 16 anos, no dia 14 de outubro do ano passado. A dor de perder um filho, especialmente da forma brutal como foi, parece ser algo que está fora de cogitação para qualquer ser humano. Mas essa dor é ainda agravada quando a Justiça não é feita, quando os responsáveis não pagam pelo crime. Pior ainda: quando nem se descobre a autoria de tal vileza.
Mais de nove meses depois do crime que chocou a cidade de Goianésia, a Polícia Civil ainda não tem o nome do assassino. Mais de nove meses depois o caso continua sem resposta, sem perspectiva de se chegar a uma solução. “O pior é quem fez isso com meu filho continua livre, pronto para cometer o mesmo crime com o filho de outra pessoa”, lamenta Juliana.
COMO ACONTECEU
De acordo com a Polícia Militar, Thiago foi morto espancado em sua própria casa, na Av. Contorno, no bairro Santa Luzia. Não se sabe a autoria e nem a motivação do crime. Segundo consta, Thiago não tinha problemas com ninguém, não era usuário de drogas. “Era um menino tímido, na dele”, conta a mãe.
Segundo a perícia, o adolescente foi morto às 2h00 aproximadamente, mas seu corpo só foi encontrado às 9h00, por sua mãe, Juliana, que trabalha como técnica em enfermagem e estava de plantão na noite do crime. Pelo laudo, Thiago foi a óbito por conta de uma hemorragia intracraniana, motivada pelo espancamento. Foi praticamente uma tortura, um ato selvagem e bárbaro. Algo é intrigante: não houve arrombamento, o que pode sinalizar que o assassino e a vítima se conheciam.
Para a mãe a cena foi chocante: portão e porta abertos no primeiro momento. Filho caído, ensangüentado, sem vida, no chão do quarto, no segundo momento. Seguem-se a isso: um vazio, um silêncio, a impotência diante do ato por noves meses, eis o doloroso e inerte terceiro momento.
Fazendo eco com o pedido da mãe, está a comunidade de Goianésia, que até consegue tolerar as mortes entre os membros da rede do tráfico de drogas, mas não tem condições de racionalizar porque um rapaz de 16 anos, estudioso, calado, é morto (como se mata um animal peçonhento) em sua própria casa, sem qualquer motivo aparente, e o crime segue sem caminhar para o castigo ao seu algoz. O dia que um cidadão se conformar com este tipo de crime estará legalizada a barbárie.
O detalhe que mais intriga na história toda é que a casa ficou totalmente intacta. Não houve arrombamento. Nada foi levado, o que afasta a hipótese de latrocínio (roubo seguido de assassinato). Todas as evidências levam a hipótese de execução sumária. De um garoto que não cultivava inimizades e não possuía nenhum histórico que poderia explicar a ação criminosa do qual foi vítima. O que cabe à família desejar é apenas que a Justiça seja feita, mesmo que um tanto quanto tardia.
** Matéria publicada no jornal Tô de Olho na edição de julho de 2011.