GILBERTO NAVES COMO VOCÊ NUNCA VIU

** Matéria publicada no jornal Realidade News, edição de junho de 2011.

Prefeito de Goianésia pela segunda vez, deputado estadual, secretário de Estado de Segurança Pública, Chefe de Gabinete da Governadoria, advogado criminalista de destaque em Goiás. Gilberto Naves é um homem cultuado e contestado, mas sempre admirado por qualidades como inteligência, ética e simplicidade. Graças à sua discrição é natural que se conheça tudo sobre a sua vida pública, mas muito pouco sobre a sua intimidade. Esta reportagem vem mostrar exatamente este lado, pouco explorado, de Gilberto Naves, o homem, o pai de família, o cidadão.

Filho do lavrador Cirineu Batista Naves e da professora da rede primária Maria Rosa de Jesus, Gilberto nasceu no dia 7 de junho de 1951, na região do “Quebra Cuia”, num rancho de pau a pique, piso de chão batido, numa cama de girau de madeira, colchão de palha de milho. “Nasci de parteira como era costume na época, na zona rural”, afirma Gilberto.

Muito estudioso e disciplinado, Gilberto cursou o primário na zona rural, tendo como professora sua mãe, Maria Rosa. O chamado “ginásio” fez no então Colégio Normal de Goianésia (hoje José Carrilho). “Vinha todos os dias do Quebra Cuia para estudar, de bicicleta. Tinha que sair de madrugada de casa”, lembra. O ensino médio foi em Goiânia, curso clássico. “Minha vocação sempre foi seguir carreira jurídica, por isso fiz esta opção”, explica.

Aluno aplicado, conseguiu passar no vestibular e ingressou no curso de Direito da Universidade Católica de Goiás. Em Goiânia, trabalhou no serviço público, inicialmente na secretaria de Governo de Goiânia, depois ocupou por dez meses cargo comissionado no Governo do Estado, na gestão de Otávio Lage. A partir daí seguiram funções de maior projeção nos governos de Leonino Caiado e Irapuã Costa Júnior.

“Voltando a Goianésia, iniciei a carreira de advogado. Graças a Deus tive sucesso. Atuando aqui e em ampla região do estado de Goiás”, conta. O ingresso na atividade política se deu oficialmente em 1982, quando disputou a eleição de 1982 para prefeito de Goianésia, perdendo para Rubens Otoni. Em 1988, veio o momento mais delicado de sua vida pública: a derrota para Hélio de Sousa na disputa pela prefeitura.

“A eleição de 1988 me trouxe muito sofrimento. Foi pesadíssima para mim, com sacrifício pessoal, patrimonial, saí com uma dívida muito grande, que me trouxe limitações de vida para mim e para minha família. Em toda a minha vida pública, o momento mais angustiante foi a derrota de 1988. Foi vítima de muitas questões, que depois a história mostrou que não eram verdadeiras, não eram corretas”, recorda o hoje prefeito de Goianésia.

Já em 1992, veio a primeira vitória. Torna-se o primeiro goianesiense de nascimento a ser prefeito. Faz uma gestão revolucionária, construindo mais de 1200 moradias populares; seis creches; feira coberta; implanta a faculdade; é o primeiro prefeito a não cobrar taxa de asfalto; implanta o Projeto Menino Jesus, que acolhia 800 adolescentes como aprendizes remunerados; constrói o Pronto-Socorro Brito Milhomem, entre outras obras. Em 1998 é eleito deputado estadual, vencendo dentro de Goianésia e no Estado o ex-deputado federal Jalles Fontoura. Em 2008, vence a disputa contra Ronaldo Peixoto, apoiado por Otavinho, e retoma a prefeitura.

FAMÍLIA

Gilberto não esconde o seu amor por Mara Naves. “Temos uma afinidade total, além de muito amor um pelo outro, temos amor à uma causa comum”, diz. Os três filhos já estão todos encaminhados. Gilberto Filho, o mais velho, com 25 anos, bacharel em Direito, acabou de ser aprovado em concurso federal e mora em Brasília. Luciana e Santiago escolheram o curso de Medicina, que cursam em Campo Grande, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Quem acompanha a desenvoltura de Gilberto nos atos públicos, debates e audiências não conhece um segredo. “Sou uma pessoa muito tímida, tenho dificuldade para externar meus sentimentos”, confessa. “Não sei dançar, danço com a Mara porque se eu pisar no pé dela ela não vai reparar”, brinca.

ARTE

Grande leitor, Gilberto adora ler romances, poesia, contos e crônicas. “Especialmente de Luís Fernando Veríssimo, cada lançamento dele fico atrás para me deliciar com suas colocações”, conta. Outro que merece a admiração do prefeito é Castro Alves. “Sou apaixonado por sua obra. Ele travou uma luta histórica contra a escravatura, toda a elite era escravocrata, ele afrontou toda a elite com seus versos”, diz.

A música também tem um lugar especial nos momentos de folga de Gilberto. “Gosto muito de música sertaneja raiz, MPB dos anos 60 e 70, Chico Buarque, Bethânia, Gal, Caetano, e tenho uma admiração muito especial pelo Raul Seixas, a forma como ele interpreta os sonhos, as expectativas, trazendo mensagens fantásticas sociais, filosóficas, teológicas”, revela.

O cinema e outra paixão. “É uma pena que nos últimos anos quase não tenha tido tempo de acompanhar lançamentos”, diz. Gilberto conta que gosta de ir ao cinema durante o dia, quando tem pouca gente, para nenhum tipo de barulho o incomodar.

MANIAS

Se tem um lugar que Gilberto Naves se sente à vontade é na roça. “O ambiente rural traz uma ligação entre Deus, o homem e a natureza. Me sinto bem no meio do mato”, conta. A cozinha também é outro canto entre os preferidos. “Gosto de mexer com cozinha. Adoro arroz. Muitas vezes quem faz a janta sou eu, isso me distrai bastante”, diz.

“Minha vida é marcada pela simplicidade. Minha casa, meu carro, meu relógio, o gabinete, minha roupa, tudo meu é simples, até o meu celular é o mais comum da equipe inteira da prefeitura”, conta.

PESSOAS QUE ADMIRA

“Não me vejo como inteligente, sou esforçado e tenho disciplina”, assim Gilberto se define. Dentre os políticos brasileiros e goianos, alguns merecem a admiração do prefeito de Goianésia. “O Getúlio Vargas foi um homem muito avançado para a sua época, assim como o Juscelino”, conta. Mas é fã mesmo de Tancredo Neves. “Uma inteligência ímpar para entender o momento da política nacional e saber jogar certinho”, define.

Dentro os goianos, ele cita seis nomes: Pedro Ludovico (grande visão de futuro ao implantar Goiânia), Mauro Borges (admiração profunda por sua capacidade de planejamento), Iris Rezende (grande líder, as derrotas recentes não apagam sua marca na história de Goiás), Maguito Vilela (saiu de uma cidade do interior, foi eleito governador e fez uma grande gestão), Otávio Lage (saiu dea prefeitura de Goianésia, cidade muito humilde na época e consiguiu projeção acima da média) e o atual governador Marconi Perillo (jovem, audacioso, corajoso, criou uma nova alternativa para Goiás. Apesar de eu ter algumas restrições, tenho que admitir que é vanguarda).

COMO QUER SER LEMBRADO

Gilberto cita o poeta capixaba Milton Braga. “Sensibilidade é como antena parabólica e nos faz sofrer as dores que não são nossas”. O ser humano que não consegue sofrer as dores do próximo não é ser humano, defende Gilberto.

“Gostaria de ser lembrado como um homem simples, do povo, de idéias claras, que nunca usou de deslealdade, subterfúgios para implantar seus projetos. Quero ser lembrado no futuro como uma cidadão fruto da comunidade de Goianésia”, finaliza.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 09/09/2011
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