"MORTE E VIDA SEVERINA - POBRE MULHER ESTUPRADA PELO PRÓPRIO PAI!"...

Morte e Vida Severina – Pobre mulher estuprada pelo próprio pai!

Este é o caso da lavradora Severina, da zona rural de Caruaru, que confessou ter mandado matar o próprio pai, por ter sido estuprada por ele por mais de 20 anos, desde criança. Ela confessou que resolveu cometer o crime quando viu que ele tentava estuprar um dos 12 filhos que teve com ele. Severina, declarou que o safado havia, inclusive, marcado horário para violentar uma das filhas deles, dizendo que ia à cidade e quando voltasse faria o serviço. O crápula ficava dizendo que a menina estava com peitinho e que ali já tinha coisa boa para ele experimentar.

Acreditem, a justiça manteve esta pobre mulher na prisão por mais de um ano e, foi taxada de “uma mulher perigosa para viver em sociedade e, que mostrava total menosprezo pela ética e pela moral com a família”. Meu Deus, que mundo é este que estamos vivendo! Parafraseando um verso da música de Caetano, “É o avesso, do avesso, do avesso!”

Finalmente, julgada por um Júri Popular, foi absolvida. Entretanto, especialistas jurídicos já disseram que se o caso dela fosse apreciado por um juiz, fatalmente, seria condenada.

Dizem os doutos da lei, que um juiz, dificilmente, a absolveria, considerando que ele ficaria engessado, limitado e restrito à letra fria, morta e impessoal da lei. Querem mais, manifestaram-se, ainda, dizendo que ela não teria como escapar de uma condenação, já que houve um “crime premeditado e doloso”.

Pois bem esta é nossa justiça podre. Se fosse para interpretar, friamente a lei, não seria necessário à figura do juiz, bastaria criar e alimentar um sistema todo informatizado e os veredictos sairiam automaticamente “julgados” pelo computador.

Porém, entre um ou outro jurista ouvido, teve um que disse que no plenário do júri popular, os jurados têm o poder de decidir mesmo de forma contrária à prova dos autos e de forma contrária à lei. Acrescentando, “é o chamado, verdadeiro sentimento de justiça que é aplicado nesse caso!” Então, nesse caso, viva o júri popular! Viva a Jurisprudência Divina, interpretada por eles sabiamente!

Engraçado é que, quando o negócio envolve grana, os magistrados contribuem, sistematicamente, para que os poderosos continuem imunes e impunes. Interpretam as leis de várias formas, de acordo com suas conveniências. Tanto isso é verdade, que vem um mandar prender, em seguida vem outro e manda soltar. Réus confessos poderosos continuam soltos eternamente.

Quanto a besta humana, só nos resta torcer para que ele tenha ido para os quintos dos infernos, pagar sua sentença, já que se vive fosse, seria absolvido pela lei dos homens de nossa santa terrinha.

Um cara desse deveria ser enforcado em praça pública e enterrado de cabeça para baixo, para que não pudesse reencarnar mais.

E, para finalizar, convém destacar “Morte e Vida Severina”, do escritor, João Cabral de Melo Neto, escrito nos anos 50 que, fazia alusão ao sofrimento enfrentado pelo personagem e, que redundou numa belíssima canção de Chico Buarque de Holanda, que dizia: “É a parte que te cabe deste latifúndio!”