LUAN SANTANA CHEIRA SUTIÃ ROSA...

Saiu na net... Luan Santana cheirou o sutiã que uma fã jogou no palco. A notícia seria irrelevante se nossos instintos não estivessem manipulados pelo grande circo eletrônico. Mas já que a caixinha de luz está cumprindo o seu papel não custa nada comentar, ainda que seja para me auto-iludir .

Escrevendo um artigo eu finjo que não aceito a realidade, quem o lê e se identifica também se ilude, e fingimos uma cumplicidade virtual. Quem não se identifica diz que sou iludido, mas continua preso a sua ilusão travestida de realidade. Enfim, as construções conceituais de Heidegger embora complicadas reverberam em nosso cotidiano. Mas deixemos o pedantismo filosófico e falemos do pop.:

“ Luan Santana cheirou o sutiã que uma fã jogou no palco.”

Ofertar peças íntimas aos ídolos é mais velho do que andar pra frente. Já em Roma os Deuses eram regalados com pequenas esculturas de pênis e vaginas... Talvez porque na época não houvesse peças íntimas. No Brasil colonial e catolicão as mocinhas casadoiras ofertavam seus vestidos de noiva a Santo Antônio. Isto sem falar das freiras - discussões teológicas à parte - que ofereciam sua virgindade ao próprio Cristo.

E por falar em freiras, lembrei do Freud. O médico austríaco ao observar este ato de religiosidade humana pelo prisma da psicanálise decidiu chamá-lo de fetiche. Aí o que era intrinsecamente humano partiu-se em diversos conceitos que embora oriundos de uma raiz comum, acabam se contradizendo: virou pecado para os católicos, safadeza para os burgueses e sensualidade para quem é pequeno burguês e católico não praticante.

Ao oferecer uma peça íntima ao seu ídolo o individuo está afirmando o seu mais íntimo voto de comunhão com a divindade. É um ato de fé. E quando me refiro a fé não estou patinando em doutrinas religiosas. Falo da fé espiritual que por sua essência não pode ser compreendida senão pela expressão de Tertuliano “ Credo quia absurdum est.” Creio porque é absurdo.

É o absurdo que se manifesta no desejo do mortal querer copular com o imortal. É a necessidade que temos de nos eternizarmos. No fundo já fazíamos ito na Grécia antiga com muito mais elegância...

A diferença é que os gregos tinham a mitologia e nós nos viramos com a internet. Eles tinham Adônis, Narciso e Zeus, e nos, mais mortais do que nunca, temos que nos contentar com Luan Santana, que é apenas um rostinho bonito com olhos de Capitu.

Pra ser sincero tenho saudades do Wando que, embora brega e colecionador de calcinhas, era muito mais proximo de Dionisio do que o sertanojo-teem...

Oh! Zeus!!!! Nunca pensei que um dia ouviria Wando com nostalgia....

DEHOLAMBRA
Enviado por DEHOLAMBRA em 20/08/2011
Reeditado em 11/01/2014
Código do texto: T3171726
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