GENTILEZA NÃO É GENTE LESA
Numa entrevista a rádio CBN em rede nacional uma senhora falou dos cuidados que deveríamos ter com a compra de carnes. Disse que deveríamos indagar ao vendedor sobre a procedência da carne, para jamais cairmos no erro de comprar carnes procedentes de áreas devastadas ilegalmente ou cujas fazendas utilizassem mão de obra escrava. No final se saiu com essa pérola: Hoje em dia, a maioria das carnes vem da Amazônia, por isso todo o cuidado é pouco.
Tenho receio de citar o nome da entrevistada, representante do Ministério Público Federal, porque aconteceu no rádio e eu não quero trocar nomes. Sei que foi poucos dias depois da infeliz declaração da Presidente Dilma que queria “desterrar” no Amazonas o então Ministro da Defesa, Nelson Jobin.
Vamos por partes: 1.- O atendente do balcão de carnes não tem condições nem obrigação de informar ao comprador a origem da carne. Basta apresentar a nota fiscal de compra.
2. –A Amazônia não produz a “maioria” da carne bovina consumida no Brasil. O vendedor, lá no sul maravilha, pouco sabe sobre a Amazônia. Teria de ter poderes paranormais para reconhecer de que fazenda vem a carne, se esta fazenda está na legalidade, se concede aos trabalhadores todos os direitos previstos na legislação trabalhista, etc. Enfim, é a incompetência do governo exigindo de um balconista informações que o IBAMA e Ministério do Trabalho não conseguem obter.
3. – A Amazônia não é um lugar para onde vão os que foram desprezados em outras regiões, como quer a presidente, nem é um lugar onde a produção de alimentos de origem animal tenha que passar pela ilegalidade para poder chegar à mesa do consumidor ou ao balcão de um supermercado.
Já passa dos limites a discriminação que sofrem os madeireiros e moveleiros para poderem usufruir de árvores que morrem de velhas pelas matas porque não foram utilizadas enquanto poderiam servir para alguma coisa. Já basta de palpites e interferências de ambientalistas criados em cativeiro que só vem a atrapalhar e causar prejuízos ao homem do interior. Já é hora de ver o país como um todo, respeitando as diferenças e especificidades regionais como fatores culturais. Esse processo passa pela educação e pelo conhecimento.
Quando a maior mandatária da nação trata a região como um lugar de castigo, deveria também defender ferrenhamente a permanência das pessoas que aqui ganham a vida e impedir que grupos externos tentem retirar as migalhas fiscais duramente conquistadas.
A gentileza e a mansidão do povo não dão a ninguém o direito de tratá-lo como leso.
Luiz Lauschner- Escritor e empresário