ÁGUA NA FERVURA – UMA REFLEXÃO.
Por Carlos Sena.
Estamos em pleno terceiro milênio – era de Aquários, tempo de evolução interior, tempo em que o CONHECIMENTO batiza a própria era. É de se esperar neste acasalar de anos que as pessoas acompanhem o que está preconizado como próprio destes tempos. Contudo, há contradições firmes nesse processo. De um lado a evolução tecnológica e científica e, do outro, certa involução do homem no que concerne a certos valores como a própria vida. Essa contradição nos remete dois raciocínios: a) vivemos em tempos de domínio do conhecimento; b) o conhecimento que o homem patrocina através da ciência não acontece na mesma proporção para dentro dele. É como se estivéssemos sendo puxados pela sabedoria, mas não estivéssemos dando conta dela em seu princípio vital – evolução holística. Quando o homem domina a nanotecnologia fica claro o domínio central do conhecimento externo; quando pratica corrupção, violência, discriminação, etc., deixa claro que nos aspectos éticos e morais ele parece ter regredido.
Paradoxal é, certamente, ver o homem dominando a ciência, mas perdido diante de si amparado pela pecha de SER MODERNO que ostenta. A grande maioria das doenças do corpo está dominada pela biologia e pela medicina. As doenças da alma, não. O homem moderno tem vivido permanentemente em depressão, angústia e solidão, embora junto dele existam multidões de pessoas. O homem moderno, grosso modo, é um homem ator/mentado pelo consumo. Muitos passam a vida inteira ganhando dinheiro, mas sem lazer, sem contato amplo com a família, sem ser feliz. Juntam muito dinheiro no banco pra depois gastar com a saúde que foi perdida em função da vida sedentária de múltiplos empregos e muitas ocupações. O Poder, o Prestígio, pra muitas pessoas é mais importante do que o amor dos filhos e da família como um todo. Como se percebe, os valores se atrelam diretamente ao capital, ao consumo, ao acúmulo de riquezas.
Entendo que a SOLIDÃO dos indivíduos destes tempos, em plena era do conhecimento, seja antológica no processo de aglutinação mais negativo da existência. A solidão do homem moderno é simbólica, posto que consegue por si só nos remeter a pobreza dos nossos espíritos. A solidão como produto dessa era é o escopo da falta de competência para chegar ao outro em sentido maior. Eu chego ao outro quando perdôo, quando peço desculpas, quando digo que amo amando, quando digo não quero não querendo, quando estabeleço uma relação ética com o meio ambiente; quando estabeleço relações com Deus sem que esse Deus seja com o carimbo das igrejas que compõem o mercado da fé. Há pessoas aos borbotões que vivem cercadas de aparatos materiais de toda sorte, mas incompetentes pra ter junto de si um grande amor. Um grande amor na forma daquele que a gente conquista por si só e fim... Diferenciado daquele que uma casa bonita compra, um bom emprego desperta e uma viagem a Europa coroa a relação.
A era do conhecimento parece que quer nos matar de inanição consentida. Ela se estabelece aos poucos como que a nos dizendo: “se você não evoluiu, problema seu, porque eu, a própria era do conhecimento estou cumprindo minha missão”... “Quem não me acompanhar, morra de solidão, junte riqueza para deixar briga para os herdeiros, perdendo uma boa oportunidade de ser feliz”...