Monossílabos tônicos em u não levam acentuação gráfica
Monossílabos tônicos em u não levam acentuação gráfica*
Desde que aprendi a ler, de tanto insistir com minha mãe para que ela me ensinasse o mais rápido possível, quando tinha eu 5 anos de idade comecei a decifrar manchetes, jornais, revistas e livros.
É uma longa história para mim, pois que já se contam pelo menos 53 anos, o que pode não ser muito coisa (ou praticamente nada) em relação à história da escrita, mas também não é pouca coisa em relação à atividade de leitura desse meu país tropicante, digo tropical.
Muita coisa em comum tem surgido à minha visão (hoje no patamar 3.0 graus) nesse passar de vistas às manchetes, aos destaques, às 'aberturas', aos títulos principais dos meios de comunicação. É preciso reconhecer todo esse avanço (fenomenal) na quantidade de conteúdos colocados ao alcance de grande parte da população mundial representado pela Internet.
Pode-se, em poucos minutos, vislumbrar os destaques dos 'principais veículos de comunicação' de quase todo o mundo. O problema todo, por aqui, é a repetição do 'modus operandi' da imprensa como um todo, maciçamente engendrada num mesmo design e num mesmo padrão cultural. As heranças se repetem num mesmismo quando se trata da divisão do poder.
Aqui, nesses anos em que tenho acompanhado desde o primeiro jornal (Folha da Manhã que meu pai comprava) concomitante com o Diário da Noite que meu tio-avô Lino comprava), passando pela Folha da Tarde, O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, Folha de São Paulo, esses num rodízio até que passei a comprar diariamente a Folha de São Paulo desde a campanha pelas Diretas-Já, passando a assiná-la até 1997, quando deixou de ser um jornal público para ser um jornal partidário.
Incluo nessa peregrinação entre as letras juntadas em 'noticiários' as revistas Veja, que troquei pela Isto É em 1979, voltando a ela (a Veja) em 1985 e abandonando-a definitivamente a partir de 1989, ficando então com a Isto É até 2009 e optando pela Carta Capital até hoje. O que se viu (e que pode ser visto devidamente em pesquisa) é o que se vê na Internet hoje nos afamados 'Portais' (Uol, Terra, Globo, Ig etc). Da mesma maneira são tratados as relações de poder: quando o governo desse país está sendo governado pela centro-direita, os ditos 'veículos' não só lambem-as-botas da liderança como também se autocensuram para evitarem destaques anti-governo; por outro lado, quando o governo trilha para o espectro de centro-esquerda esses mesmos veículos se movimentam para colocar em alvoroço suas 'aberturas' dando destaque negativo às realizações da liderança; de outro modo, quando se encaminha para a extrema-direita esses ditos 'meios' se entusiasmam regionalmente disseminando 'factóides'.
É emblemático, para apurar-se isso o tratamento dado aos governos de Getúlio Vargas, o líder que mais tempo dirigiu esse país durante a República. Basta conferirmos os 'destaques' do "Governo Provisório" (1930 a 1934), comparando-os com os do "Governo Constitucional" (1937 a 1937) e com os do "Estado Novo" (golpe de Estado de 1937 a 1945) e com os 'destaques' da mídia do Governo Democrático (de 31 de janeiro de 1951 a 24 de agosto de 1954). É escancaradamente visível a tendenciosidade dessa turma justamente no período mais democrático da liderança de Getúlio. Assim se tem perdido por tortura e assassinato nos porões de ditaduras a possibilidade de expressão da massa pensante desse país que é quem pode impulsionar-nos aos valores democráticos, tudo porque essa turma investe nos grilhões impostos com a conivência ou covardia dessa 'corja' que só 'grita' de dia. Hoje, sob a clareza do horizonte democrático, se esbaldam em manifestações concienciais tendenciosas que remetem, pela ausência de filtragem adequada dos destinatários, que não sabe divisar as influências espúrias pautadas de segundas-intenções, que ontem jogaram o país na escuridão ditatorial e que hoje se repetem nesse interesseiro 'design' da Internet. Não à toa, passo rapidamente meus olhos por esse denuncismo barato, respaldado por instâncias que deveriam zelar pelo cumprimento da Constituição Democrática. Como no passado, invocam "Caveant Consules!" porque na verdade pedem a extensão "ne quid detrimenti republica capiat", para que ocorra a investidura de mais uma ditadura, onde se fartam de repartirem o poder entre si. Mas cuidado, heim! Essa 'historinha da carochinha pra boi dormir' de que para se evitar uma crise, produzida e dirigida por esses meliantes e encenada pelos escusos atores de que é preciso um basta através do rasgar a Constituição e mergulhar o país noutra escuridão maldita pode remeter a um efeito inverso ao desejado. O que se pode, que quero e se deve disseminar é uma responsabilidade maior e cobrança democrática ao uso desses 'esquemas de destaques' que novamente vêm assolando as manchetes.
...o antialérgico faz efeito...
*agradeço ao Rommel Werneck por haver inspirado o título e o assunto.