MARQUETEIROS DO PÓ

A recente morte da cantora Amy Winehouse, que aos 27 anos faleceu em circunstâncias ainda desconhecidas, abalou fãs e até as pessoas que não conheciam sua obra. Isso porque se tratava de uma jovem, com muito talento, que entrou rapidamente em decadência devido ao abuso de drogas.

Muitos vão lucrar com a imagem post-mortem de Amy, pois seu fim trágico de certa forma a eleva a condição de ícone, angariando admiradores por várias gerações. Livros, filmes, álbuns e uma série de outros produtos vão esquentar a indústria pop. Essa é uma oportunidade para se ganhar muito dinheiro em cima da desgraça alheia.

O crime organizado, que como já disse certa vez: não tem esse nome por acaso, sabe muito bem faturar desta maneira, sobretudo o narcotráfico. Uma operação da Polícia Militar do Rio de Janeiro apreendeu na Favela dos Manguinhos centenas de doses de cocaínas. Até aí nada de novo não é? Só que essas doses tinham algo diferente. Cada saquinho trazia a foto da cantora britânica e a inscrição “Amy House Pó”.

Inacreditável! Agora os traficantes também usam marketing para impulsionar as vendas. O velho truque publicitário de associar o produto com a imagem de gente famosa. E sabe o que pior nisso tudo? A apreensão não vai inibi-los. O seu alvo foi alcançado. Fizeram seu “merchan” utilizando as páginas policiais. Se fizeram presentes na TV, no rádio e no jornal.

Os marqueteiros do pó nem são os traficantes. A mídia e o poder público são os promotores da droga. Podem apreender toneladas e mais toneladas, tirar fotos e mais fotos, noticiarem nos programas “Datenescos”, que não terão êxito. O caminho para combater o tráfico não é esse. Necessário é discutir mais sobre este assunto e parar de dar ouro a bandido.

T S Oliveira
Enviado por T S Oliveira em 10/08/2011
Código do texto: T3151794
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