VIGÍLIA DE CONVIVÊNCIA

Ao ver a novela "Insensato Coração", da Rede Globo, me ative à conveniência e oportunidade do tema sobre a diversidade e o respeito para com a opção sexual. Na novela, um jovem acaba sendo morto pela intolerância e xenofobia de um grupo de também jovens com distúrbios de comportamento social. Criminosos à imitação do pensamento do “Conde de Gobineau”, teórico do racismo atual, um celerado histórico, como apontou o médico e escritor paraense Sérgio Martins Pandolfo, no artigo “XENOFOBIA QUE MATA”, publicado no site do Recanto das Letras. O pensamento com caráter preconceitual e deletério transformado em ação criminosa, como o do jovem norueguês e suas 77 mortes, ao que tudo está a indicar, atos dolosos e com premeditação, denigrem o processo civilizatório. Fica difícil entender que se tenha avançado tanto em alguns setores da vida, e, no entanto, convivamos com tamanhas explosões de indiscriminada crueldade. Bem, a população mundial cresceu muito nos últimos 100 anos, e os índices de violência cresceram juntos, principalmente nos conglomerados urbanos, onde a fome e as injustiças sociais produziram novos padrões de comportamento, principalmente nos guetos discriminados pela miséria, pelo analfabetismo, pelas drogas. Acresça-se a genérica falta de capacidade do cidadão comum – haja vista os baixos índices de leitura, de manuseio e convivência com o livro e outros meios de informação – fatores que acabam levando à inépcia pra poder vir a entender o que ocorre ao lado de nossa casa, em nossa cidade ou no país. O nosso vizinho é sempre um desconhecido: nada sabemos dele ou o que ele faz. Todos são estranhos, a não ser os “de casa”. Mesmo assim as disputas patrimoniais entre os membros da classe média e a insegurança financeira para enfrentar o dia seguinte, criam contendas e disputas, e estas produzem danos irreparáveis na cabeça das crianças. Até o AMAR travestiu-se. O jogo de sedução e de envolvimento tomou novas roupagens. A licenciosidade está posta aos olhos e ouvidos de quem quiser tomar conhecimento. É oportuno ressaltar que os padrões médios de conduta de jovens e adultos são, no mínimo, preocupantes. E nem se diga que posturas nesse sentido são apenas óticas do conservadorismo ou saudosismo. É imperioso que cumpramos a nossa parte como apóstolos da Liberdade e em permanente vigília aos valores de convivência.

– Do livro NO VENTRE DA PALAVRA, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3148250