O INFERNO DE OBAMA
“How good it would be if we were true friends and loyal patriots”. Eu jamais esquecerei desta frase…
Governar um país como o Brasil com maioria de parlamentares na base aliada já é uma dureza tremenda, que o diga a Presidente Dilma Rousseff; imaginem governar os Estados Unidos da América, sem ter maioria no Congresso? Agora imagine governar os Estados Unidos da América, sem maioria no congresso e tendo a maioria completamente contra sua gestão, principalmente pelo preconceito néscio de ser negro e um democrata? – Este é Barack Hussein Obama II, que hoje vive o seu segundo inferno declarado...
O negro inteligente e íntegro que nasceu em Honolulu no Hawaii, não se acostumou a surfar ou ter uma vida de preguiça e drogas; o menino Obama que fez ontem 50 anos; se preparou muito para ser advogado e político do país mais desejado e odiado por muitos. Barack Obama que é filho de uma união entre um economista negro africano do Quênia e uma antropóloga branca estadunidense sabe bem o significado da palavra “superação” (overcoming); aos cinco anos viu seus pais se separarem; o pai voltou para a África e somente o viu novamente uma vez, antes de sua morte num acidente automobilístico.
A mãe casou novamente, desta vez com um indonésio e lá foi o menino morar na Indonésia; aos 11 anos voltou para o Hawaii para morar com os avós; viu a mãe morrer de câncer e já declarou ter usado maconha, cocaína e álcool na juventude. Graduou-se em Ciência Política com especialização em Relações Internacionais; depois se bacharelou em artes e começou a carreira profissional com sucesso num grupo que hoje edita a revista The Economist aos 22 anos.
Ele também foi agente comunitário, diretor de uma associação religiosa e somente em 1987 é que entrou para a Faculdade de Direito em Harvard e quebrou o primeiro paradigma; foi o primeiro negro a presidir a revista de direito da famosa universidade. Em 1993 já era considerado um líder promissor com menos de 40 anos. Dedicou-se completamente ao direito, passando por promissor operador a até professor de renome. Eleito senador estadual em 1996; em 2004 se tornou Senador dos Estados Unidos, ou Senador Federal; quatro anos depois, finalmente elegeu-se Presidente dos Estados Unidos da América com todos os louvores possíveis e derrotando não somente toda a máquina da família Bush, o chato candidato republicano McCain e a patética figura da Vice-Presidente do Alasca; Obama teve que antes derrotar o preconceito dos próprios democratas que queriam a queridinha Hillary Clinton.
Eu tive que falar sobre isso tudo para tentar justificar tudo de ruim que Obama enfrentou desde que pisou na Casa Branca como Presidente. Este sujeito simples e risonho, muito diferente dos tantos moradores daquela casa sublime, está tendo que comer o pão que o diabo amassou para se consolidar como líder ativo. Sua oposição é tão ferrenha e indigna que coloca em xeque a própria idoneidade dos EUA apenas para provar que Obama é inábil. O grupo de Bush, os republicanos; que deixaram um rombo monstruoso de trilhões de dólares, além de querem que o novo presidente pague sem reclamar, ainda tentam fechar completamente o cofre; o os motivos são tão óbvios que somente quem não quer não enxerga.
Todos os republicanos ainda não engoliram a idéia de um carinha branquinho e rico, juntamente com toda a elite política americana, terem sido derrotados com toque humilhantes por um negro de classe média; por um intelectual de respeito e credibilidade; por um sujeito que valoriza as causas populares e que acredita nos Estados Unidos menos odiados. Os republicanos querem ver Obama se ferrar, ferrando por conseqüência todo o país e o resto do mundo, para voltarem a Casa Branca com um discurso salvador, patriota e emergencial.
A dívida americana beira os 20 trilhões de dólares e somente eles, os americanos não sabem de onde vem esta soma. Para o orçamento de 2012 o Congresso deles liberou 3,7 Trilhões que estão distribuídos desta forma: A seguridade social deles responde por cerca de 20% disso; a defesa por outros 20%; os programas sociais por mais 15%; os juros da dívida abocanham mais 7%; os veteranos de guerras outros 4%. A sólida educação e o transporte estadunidense não chegam a engolir 6% juntos.
O risco de calote a que foi submetido Obama em duas ocasiões, nada mais teve a ver senão a sua exposição como frágil perante seus credores. Chineses, japoneses, ingleses, exportadores de petróleo e até brasileiros estão nesta seleta lista de investidores dos EUA. Se o calote persistir em chegar, é óbvio que todos os credores porão um pé nos freios e deixarão de financiar parte dos gastos americanos. Com isso a máquina sofreria um desgaste tão corrosivo que o restante do mundo poderia sentir profundamente.
Obama já entrou na Casa Branca tendo por principal desafio o equilíbrio econômico deixado por George W. Bush. Para aprovar um pacote de 775 bilhões de dólares e realinhar algumas vertentes, Obama teve que vender a alma ao diabo e rebolar até se cansar. Logo em seguida ele viu seu partido perder importantes cadeiras no Congresso e sua vida como gestor teve o segundo abalo terrível.
Parecia que Obama seria humilhado e que o destino dele fosse a renúncia; mas ele provou que suas raízes são mais profundas do que muita gente pensa. Meio chamuscado por tanto fogo, ainda assim ele sobreviveu ileso aos dois primeiros ataques e agora se prepara para o terceiro assalto.
Agências de respeito que medem o risco dos países grandes e emergentes anunciaram que os EUA podem dar calote e possivelmente desacelerar o planeta. Obama pede mais um pacote que lhe permita criar mais dívida; dívida que é jogada para o futuro e que deverá ser paga com o próprio desenvolvimento do país; tudo como dantes, mas a oposição oficialmente diz que não quer comprometer ainda mais o país em descaimento. Dois dos braços mais fortes dos americanos não andam bem há pelo menos uma década; a indústria automotiva e a construção civil. Eles ainda passam por uma crise energética, crise social e o desemprego chegando a níveis de América latina; e toda vez que se ameaça não instituir novas fórmulas de captação de recursos, cria-se uma briga feroz entre as duas forças políticas e quem ameaça pagar pelos erros do passado são os próprios americanos, que ficariam indeterminadamente sem serviços essenciais.
Obama é uma espécie de banqueiro que não tem a chave de seu próprio cofre; para abri-lo de retirar qualquer dinheiro, ele precisa de um monte de chaves combinadas e que nem sempre estão nas mãos de seus aliados, muito menos os patriotas; aqueles que querem os Estados Unidos permanecendo como sólido e confiável. E aí que entra a minha frase, aquela em inglês que abriu este texto; o significado dela é: “quão bom seria se fôssemos amigos verdadeiros e leais patriotas”; eu citei-a porque Obama não conta nem mesmo com seus próprios aliados; muitos democratas também querem vê-lo derrotado; isso abre uma brecha de aposta de algum tradicional político, como Bill Clinton, voltar ao Poder, também com o discurso salvador e baseado em experiências do currículo.
Tudo que os Estados Unidos da América precisam hoje são: patriotas de visão e amigos leais. Colocar a casa em ordem é a meta primária; reativar a confiança nos investidores realçando a nula possibilidade de calote pode significar mais dinheiro em caixa; esta é a meta secundária que Obama também está empenhado em executar, porque logo ali, no futuro adiante, virão novas eleições; do mesmo jeito que todos querem seu posto, ele não quer sair; pelo menos agora!
Este é o inferno privado do Senhor Barack Hussein Obama II, Presidente dos Estados Unidos da América...
Carlos Henrique Mascarenhas Pires é editor do Blog www.irregular.com.br