AS FEIRINHAS E O MERCADO

A Feira da Manaus Moderna já nasceu fora de moda. Espaço criado pelo governo para abrigar os feirantes que trabalhavam em condições muito piores (acredite) que hoje, já foi um local onde girava mais dinheiro que no Amazonas Shopping também criado na década de 90. Porém, como tudo que é administrado pelo poder público, jamais recebeu um toque de modernidade como seu nome sugere. Vamos ficar somente com esta feira porque serviu e serve de modelo para as demais.

As exigências sanitárias, para aqueles que trabalham com comida, estão cada vez mais rígidas. As feiras de Manaus nunca deram nenhum sinal que queriam seguir as normas emanadas do poder público. Causa vergonha ver turistas europeus, asiáticos e americanos fotografando bananas e outros produtos empilhados em estado de duvidosa manutenção sendo comercializados e servindo de base alimentar para a grande população de Manaus. A carne e o peixe continuam recebendo o mesmo tratamento do século XIX.

O poder público que administra esta e outras feiras não pode ser fiscalizado porque ele faz parte do mesmo poder que deveria fiscalizar a atividade. Ao tentar privatizar, espera-se que faça seu papel de órgão regulamentador e não administrador e, às vezes, de produtor, como vem acontecendo.

O espaço nas feiras na Manaus Moderna recebe o nome de Box, em outras, chama-se Pedra. Há feirantes que são “proprietários” de até quarenta Boxes ou Pedras e os alugam a terceiros em plenos direitos porque, afinal, compraram este domínio de funcionários corruptos. É uma contradição completa com o objetivo para a qual foi criada a feira.

É de causar estranheza que a primeira tentativa de modernização através da privatização receba tanta oposição. Os feirantes, muitos deles informais, são representantes legítimos da livre iniciativa e por este motivo jamais poderiam ser contra a administração privatizada.

A privatização é inexorável. Na administração pública a população, independentemente de visitar a feira, subsidia o feirante via impostos. Com a transferência para a iniciativa privada, o comprador continuará subsidiando o feirante com uma grande diferença: Poderá denunciar a imundície e o administrador privado da feira será responsabilizado juntamente com o permissionário do Box ou Pedra podendo, inclusive, ser responsabilizado criminalmente por danos à saúde.

É mais importante que a privatização seja feita de maneira transparente, para não favorecer apaniguados ou detentores do poder do que contesta-la na origem. O poder público deve estar presente para garantir que a população tenha alimentos saudáveis e não para administrar questiúnculas comerciais.

Luiz Lauschner – Escritor e Empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 05/08/2011
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