Sobre 'Regras e Respeito'
"Feliz é a criatura que pode caminhar de cabeça erguida, na certeza de que faz o bem para seus semelhantes e advoga suas causas contra os iníquos."
Amigos leitores,
Escrevi “Regras e Respeito” (*) e para alegria minha, aquele simples micro conto recebeu diversos comentários procedentes e importantes. Um deles foi questionamento sério, que me fez pensar, pois seu autor revela certezas e dúvidas que só pessoas , responsáveis e preocupadas com o destino da humanidade se fazem: “Será que ainda existem regras que devam ser respeitadas neste país? E quem as elaborara, será que também existe? ‘Lutar’, acredito seja o verbo da vida, pois passamos todo o seu espaço de tempo lutando, mesmo que por direitos pequenos. Pergunto-me, diversas vezes: será que vale a pena lutar ainda?”
Pois bem: ao ir respondendo os comentários dos demais leitores, pensei na relevância do assunto e achei por bem escrever este artigo. Certo é que temos todos que sair da pasmaceira na qual parece estar a Nação (entenda-se: ’povo’) a mergulhar mais e mais. Óbvio que não me considero ‘dona da verdade’.
Respeito opiniões divergentes das minhas , mesmo que não as aceite- mas isto é uma outra história, como diria KIPLING. Só me sinto bem escrevendo o que penso – e é o que estou a fazer.
SE ’vale ou não a pena’ é algo individual, de foro íntimo.
O certo é que não me sentiria em condições de seguir vivendo se não me postasse contra determinações que considero erradas. Isso expande-se inclusive às leis ‘legais’ (desculpo-me pela expressão pleonástica): muitas leis são injustas e essas tenho combatido durante toda a vida. Tenho opiniões firmes, pois bem alicerçadas que, muitas das vezes trouxeram-me aborrecimentos e mesmo perdas materiais – jamais espirituais – ao contrário: durante cada embate, sinto-me crescer como criatura, tornando-me mais e mais digna filha de Deus. Essas refregas são devidas a fatos contrários à vontade, necessidade ou interesses pessoais de alguns poucos – descontentes e aborrecidos, frustrados nos seus intentos quase sempre egoístas e maléficos, de enganar seus semelhantes.
Sabedora disso, se me calasse, seria nada menos que conivente. Como não o sou, questiono fatos, requeiro documentos, envio comunicações às vítimas (sempre apondo meu como ao final) e tomo todas as atitudes que penso serem as corretas com o simples objetivo de restaurar a verdade, mostrar o que realmente acontece – está acontecendo ou aconteceu. Como não poderia deixar de ser, os que estão a encabeçar os despautérios voltam-se contra mim. Isso é normal ocorrer. É de lastimar-se, por óbvio, pois são grupos formados por pessoas de almas e mentes pequenas – e ainda desonestas, do tipo que segue a Lei do Gérson: Levar vantagem em tudo. Ora, se esses se dão bem, os demais, mesmo sem saberem, estão perdendo. Esses, pela idade já avançada, por saúde, por temperamento, por acharem que não vale a pena incomodarem-se… deixam passar, o que confere mais e mais ousadia aos atos dos desonestos e sempre irresponsáveis, que tentam alçar vôos mais elevados, dada a impunidade reinante no país que tem efeito cascata sobre a sociedade. Felizmente não sou assim, devido aos Princípios, Valores e educação com que fui criada, ínsitos em meu caráter, fazem parte de meu ser.
Diversas foram as contendas que têm emergido no transcorrer de minha existência. E justamente por não ser do tipo: “deixa prá lá…Não vai dar em nada mesmo, prá quê então te incomodares? Larga de mão , eles são irmãos-que se entendam, que se matem,” etc… Não me lembro de ter deixado coisa alguma prá lá… Se há algo errado, se há pessoas enganando deslavadamente a quem quer que seja e disso eu venha a ter conhecimento, tomo a atitude que qualquer pessoa de caráter íntegro tem o dever de tomar. Fatos os mais comezinhos do dia a dia, para citar apenas um exemplo: filas quaisquer que sejam (bancos, supermercados, conduções): não passo na frente de ninguém- muito menos permito que passem na minha. Reclamo com educação, voz delicada, sutil mesmo: “minha senhora, enganou-se. A fila se inicia desse (ou daquele) lado… Vezes há, inclusive, que chego até a divertir-me abrindo o verbo (geralmente nas filas de bancos, quando falo na existência de lei que pune o estabelecimento que deixa o cliente mais do que um certo período de tempo nas ditas filas). Interessante é notar-se que à minha voz passam a juntar-se outras mais, em coro – e logo, logo, aparece um funcionário do banco e tudo passa a funcionar como deve.
Nas ações nossas de todos os dias está assentado quem somos e o que pretendemos.
Cabe indagar: QUAL SERÁ NOSSO LEGADO À POSTERIDADE?
SE NADA FIZERMOS, COMO NOS OLHARMOS NO ESPELHO? SERIA IRRESPONSABILIDADE, ATÉ MESMO UMA ’VIDA EM VÃO’. “A vida é luta renhida, que aos fracos abate e aos fortes só faz exaltar“, escreveu Gonçalves Dias .Indico sua leitura na íntegra, amigos leitores, pois o poeta diz com muito mais propriedade do que eu poderia escrever.
A certeza de termos feito o ’nosso’ possível- mesmo que este
‘possível ‘não tenha sido o suficiente para que atingíssemos o objetivo colimado- dá à alma paz de espírito, e à razão, a prova de termos ’lutado o bom combate’, de nossa vida ser útil, digna e plena em realizações positivas.
(*) http://www.talentos.wiki.br/postmc.php?id=75058