Mulher preside a Associação chinesa de Escritores:eleita romancista Tie Ning




TIE NING, PRESIDENTE ELEITA DA ASSOCIAÇÃO CHINESA DE ESCRITORES

Clevane Lopes *


Eleita presidente da Associação Chinesa de Escritores a escritora Tie Ning, 49 anos, representa uma grande conquista feminina em seu país. Nascida em Beijing, lança um olhar sobre a vida feminina,descrita com grande habilidade, segundo comentam.

Ela já era a vice-presidente da instituição. A votação se deu entre ela e Jiang Zilong, 65, e Li Cunbao, 60 anos .A Associação Chinesa de escritores possui nada menos que 7.690 autores.O Presidente anterior desse importante cargo era o romancista Ba Jin, que faleceu em 1995.

Os escritores que perderam o pleito, além de homens, eram ligados ao Exército chinês.

Ba Jin e Mao Dun, os antecessores, são grandes clássicos da literatura chinesa moderna.Tie Ming ,madura mais relativamente jovem, pois nasceu em 1957,reflete nos seus escritos as questões de gênero de seu país, em especial na vida cotidiana. Por isso, o protagonismo é sempre feminino.

A novel presidente é primeira mulher a ocupar o cargo. Num país onde muito lentamente a mulher criou um espaço para ser, essa eleição é fato notável. A mulher,na China, sempre foi desvalorizada,ao nascer considerada mais uma escrava. Interesssante que, paradoxalmentre, eram mulheres fortes, fossem do campo ou da cidade, intelecuais ou cortesãs.

Se você quer conhecer a mulher na china antiga, leia o romance de Pavilhão de Mulheres, de Pearl Buck, americana que morou na China, com o marido missionário. Conta sobre essa escravidão cultural. Ao fazer quarenta anos, a protagonista escolhe, ela própria, uma concunbina para o marido. As chinesas acumulavam sabedoria e o respeito vinha com a idade. As sogras, muito poderosas e temidas, recebiam as noras como suas serviçais. Mesmo em famílias ricas, com várioas empregadas, as noras deviam servir e obedecer à mulher mais velha.

Os filhos, quando se casavam, moravam nas casas paternas, onde as habitações colocavam-se em torno de um pátio central. Ele podia ter as suas concubinas e a legítima, chamada de "primeira esposa".

Chamou muito a atenção do Ocidente hodierno, a situação das famílias pequenas. Por causa da superpopulação,as pessoas podem ter apenas dois filhos e quando nasce uma menina, ela em geral é assassinada.

Não obstante nos parecer que após a revolução de mao, o empoderamento da mulher chinesa esteja consolidado, percebe-se que os intectuais ainda podem ser reprimidos, em especial as escritoras e poetas. O que, sem dúvida, torna a eleição de tie Ning ainda mais significativa.

Recentemente, andei relendo "Xangai Baby"(*), da escritora Wei Hui)ler "Uei-Uei", que em 2001, estava com 27 anos, agora com 31. Mas a acusam de decadente, influenciada pela cultura estrangeira, mesmo tendo se destacado intelectualmente quando começou sua carreira. Nada menso que 40.000 exemplares de "Xangai baby", livros seus, pasmem, foram queimados, nos moldes da inquisição e bem no ano de 2000, em abril.

A escritora rebelou-se, por exemplo, contra o serviço militar, segundo ela, justamente; seu primeiro ano de faculdade foi prejudicado por ele.

Nitidamente, a protagonista, Coco, reflete a autora ("...para minha mãe e meu pai sou um diabinho malvado desprovido de consciência"...). Seu livro chama-se "O Grito da Borboleta", que de por si, já diz muito.

As atuais escritoras chinesas são muito boas, pelo que temos lido de traduções.

Recentemente, divulgamos aqui, em "Meu Diário", que o Governo Chinês havia fechado o blog da poeta Woeser, mulher do escritor chinês Wang Lixiong, tendo antes tirado do ar o dele, chamado site "Dijing-democracy". Wieser é tibetana, o que cheira a preconceitos político-. Fecharam ainda o Century China, muito freqüentado nos círculos intelectuais do país. Esse rigor talvez agora se atenue com a presença de Tie Ning no topo da associação Chinesa de escritores.

Apesar da liberdade de expressão ser garantida legalmente, na prática, o Governo quer mostrar seu poder reprimindo muitos de seus literatos.

Desejamos que essa borboleta Tie Ming possa emitir seu grito de empoderamento e não se deixe sufocar por forças opostas à criatividade dos que se espressam tendo por arma a palavra literária.

(()Xangai Baby, traduzido do Chinês por Bruce Humes e do inglês Por Domingos Demasi Filho, foi editado em 2002 pela editora Globo, com uma linda capa de seu design editorial.

Livros de Tie Ning:

*_"Ah, Xiangxue !"(que mereceu , em 1982,um prêmio nacional de melhores histórias curtas.

The Village Road Takes Me Home (1983)

"The Red Shirt Without Buttons" e "June's Big Topic" ,contos,também prêmio Nacional(1884).

How Long is Forever (1999)
").

" Path in the Night " e outros contos e novelas.

Da Yu Nv (2000), editado no mesmo ano em que Xangai Baby, de Wei Hui que teve exemplares queimados, conforme comentei acima. Ao que parece, Tie Ning é vista com melhores olhos pelo Governo chinês que Wei Hui. Li não sei mais onde, que o presidente, Hu Jintao, solicitou aos autores chineses ajuda ao governo comunista: a construção de uma uma "sociedade harmoniosa",pela redução das diferenças entre o camponeses e os citadinos e ricos e pobres.
Como se pode notar, a profissão de escritor, na China, é bastante considerada.

Desconheço se, no Brasil, já possuímos traduções. Se algum leitor souber, por favor,mande-nos subsídios para asasdeborboleta@yahoo.com.br


Belo Horizonte, em 01.12.06 20:45



* Escritora e poeta, exerce a profissão de psícologa e publicou dois livros de poesia está presente am algumas antologias. Escreve em alguns sites da internet Literária. Obteve o segundo lugar em um concurso do contos em Ipatinga- Minas Gerais. - Leia mais sobre o autor

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