A IGREJA. BENTO XVI.
Muitos conhecem por leitura ou terem ouvido de terceiros passagens da Bíblia. A não ser interessados por várias razões, conhecem a história da Igreja. Se houver curiosidade ou pretendendo apagarem confusões espalhadas, sugiro, se fôlego houver, sendo um leitor, o excelente trabalho de Georges Suffert : “TÚ ÉS PEDRO”.
A Igreja , faz pouco tempo, acaba de completar dois milênios o que nenhuma instituição conseguiu na história universal.
Sua influência no poder temporal e espiritual ninguém desconhece. Sua história como instituição humana é riquíssima.
Não se aponta qualquer fato histórico relevante da humanidade nesses dois milênios, sem que estivesse presente a Igreja. Incomoda a muitos essa influência distinguida, respeitável e exclusiva. Principalmente ao néscio que não isola fé de instituições humanas. Não lhe permite, assim, tais fronteiras do conhecimento, compreender diferenças.
Na iniciação da caminhada da caridade, desde as ecclesias - que significa igreja, assembléia em grego - temos até hoje o representante de Pedro levando a todos e aos povos, o amor do Cristo crucificado que configurava a Santíssima Trindade; Pai, Filho, Espírito Santo. O Cristo morreu na cruz por amor à humanidade; ali estavam Pai, Filho e Espírito Santo.
O Cristo não era o pai, não sofria em seu nome, o Cristo ungido pelo Espírito Santo era o Deus-homem.
Essa verdade, a realidade ou não de Jesus, sua existência histórica, hoje superada, sua morte na cruz e a breve vida pública, foram atestadas e autenticadas definitivamente pelo judeu latino Flávio José. Escreveu ele em 77/78 de nossa era em “A Guerra Judia”, “La Guerre Juive”, a passageira popularidade de Cristo e sua morte na cruz.
Somente o registro foi feito sem haver nenhuma importância para o personagem. Jesus era quase uma sombra, um personagem desimportante para a história da época, daí a falta de vestígios.
Aos poucos o cristianismo agigantou-se; bem devagar. E Pedro erigiu a maior instituição da história, impulsionada por Paulo de Tarso, queiram ou não seus opositores, logo que fato histórico não se contesta, admite-se.
E vieram os papas e no curso dos tempos os papados, de várias figurações.Se tivemos papas com traços altamente reprováveis, em posição contrária citamos alguns nomes célebres por seus dons como Leão XIII, Paulo VI, João XXIII, João Paulo II.
Bento XVI, o antes poderoso Prefeito da Congregação da Doutrina e da Fé, é personalidade forte no sentido da preservação de princípios dogmáticos adotados e ao mesmo tempo senhor de vasta humildade para recuar em prol do entendimento e da concórdia. A preferencial opção pelos pobres que é meta de todo homem de boa vontade não pode se confundir com a supressão de liberdades.
Sob esse tom destruiu a primária teologia da libertação que não separava o princípio socialista das antigas “ecclesias” do vencido marxismo como regime de governo.
Ratzinger é um poderoso pensador, para quem é impossível dissociar a razão da fé. Basta isso para distinguir sua singular visão. É um dos grandes pensadores vivos na atualidade, guardadas as distâncias de representar uma das maiores lideranças religiosas do mundo.
João Paulo II, uma das maiores expressões de personalidade contemporâneas desaparecidas, quando de suas movimentações pelo ecumenismo, realizou em Assis em 1986 um congraçamento de todas as religiões. Ratzinger não se fez presente. Pioraria o fato o lançamento por Ratzinger da declaração “Dominus Iesus” que afirmava só deter a verdade a Igreja Católica. Consideraram alguns estar o Prefeito da Congregação da Doutrina e da Fé confrontando a autoridade do Papa.
O Papa João Paulo II deu total apoio ao documento mostrando, como sempre, sua total identidade com o atual Bento XVI, que diga-se, era ao que tudo indica, o candidato seu para sua sucessão. É sem dúvida, posto de lado o carisma de seu sucedido, um dos maiores intelectuais que esteve comandando a Igreja em sua história.