Eu sou o que a Bíblia diz que eu sou (?)

Os linguistas estão certíssimos: a língua é dinâmica. O significado de uma palavra pode ampliar-se de tal modo que seu sentido original pode perder-se no tempo. Por exemplo, ‘sofisticado’ sugere alguma coisa diferenciada positivamente, mas, originalmente significa “aquilo que é falso, que é adulterado”. Mas a palavra da hora é ‘ambição’. Ambição, há alguns anos, era símbolo negativo de comportamento. Ter ou demonstrar ambição era uma atitude digna de reprovação. Isso acabou.

Nos dicionários das empresas, ‘ambição’ significa motivação para crescer e, prescindir dela manifesta indolência. Esta, uma vez confirmada, enseja inadiável demissão.

Se tudo ficasse no meio corporativo, tudo bem. Mas, infelizmente o conceito e seus desdobramentos adentraram a igreja e, hoje em dia, há uma busca por resultados no meio evangélico.

Dia desses – lá vem uma mentira, dirão alguns – parei para ouvir uma mensagem de um renomado pastor tupiniquim. A vinheta inicial assim o apresentou: “... ouviremos agora o maior pregador da atualidade...” Maior? Isso mesmo. Ele se apresentou como o maior. Quando ouvi a humilde confissão, estabeleci uma direta relação com uma canção da Rose Nascimento que dizia: “Jesus é o maior pregador de toda a história; não há outro nome que transmita tanta glória” (http://letras.terra.com.br/rose-nascimento/963285/). Ao comparar uma e outra situação, chego a uma simples conclusão: A Rose não sabe nada, de nada. É uma desqualificada. Como pôde ela dizer que Jesus é o maior, sem prever que ainda viria um maior, isso no nosso tempo?

João, o batista, disse “... importa que Ele cresça e eu diminua”. O texto é só mais um que carece de revisão linguística para adequar-se à pós-modernidade. Não há lugar para tal acepção, temos que ambicionar coisas altas.

Davi Tardim