Quem nao se enfeita, por si só se rejeita
Quem não se enfeita, por si só se rejeita
Aprendi a gostar de livros bem cedo, mesmo antes de ser alfabetizado. Lembro-me de que os livros que a vizinhança não queria, sabendo do meu amor por livros, mandava-me recado para eu ir buscá-los. Descobri que os livros têm magia e que podiam me transportar para lugares inusitados, alegres, emocionantes, fascinantes em minutos. Lendo eu deixava de ser o menino pobre que era e me tornava um outro.
Alguns dias atrás, eu estava na sala de recepção da prefeitura de minha terra, Penápolis, quando um ex-prefeito começou a falar sobre limpeza, cidade bonita e bem arborizada. Ele disse que a entrada de uma cidade é parecida com uma noiva quando vai se casar, pois precisa estar enfeitada. Bem adornada, uma cidade é semelhante a uma noiva no esplendor da elegância. Se assim não for, os visitantes não são atraídos para permanecerem, pois a beleza tem poder de atração.
Lendo o livro sagrado aprendemos a história encantadora de Adão, e Eva que moravam em um jardim dos sonhos, lugar de delícias perpétuas, rios cristalinos que cortavam todo o jardim, peixes, animais, flores e frutos... Isso tudo foi perdido quando eles começaram a fazer as comparações do tipo: “isso não foi eu quem fiz, então não irei cuidar; isso aqui foi você quem plantou, cuida você de agora em diante”, e com isso o jardim que tinha sido criado para os dois se deliciarem acabou sendo perdido. Quantas coisas estão se perdendo, outras se perderam por não ter sido nós quem as construímos, e pelo nosso orgulho mesquinho perderam-se, não ficou pedra sobre pedra.
Hoje quando leio os textos sagrados, principalmente Gênesis, fico me perguntando: Quem colocou Deus nas gaiolas chamadas religião? Templos feitos de pedras, com tanta pompa, tenho certeza que essa nunca foi a ideia de Deus. Que ecológico e bem aproveitado seria se as instituições chamadas igrejas gastassem seu dinheiro plantando bosques e jardins com a intenção de incentivar seus membros a terem em suas casas ainda que fosse um jardim de janela.
Como é gracioso quando se chega a Gramado e a várias cidades do Sul com suas entradas cheias de flores! Lá todas as calçadas são de verdade, pois não colocam a vida dos pedestres em risco por causa de tanto buracos e imperfeições... Será que naquela cidade os impostos são mais caros dos que em muitas cidades do nosso estado?
Assim, deixo uma sugestão aos legisladores de todo o país: em vez de homenagearem personalidades depois da sua morte com placas e ruas, homenageiem também plantando uma árvore e façam com que as cidades reservem um espaço para que um bosque seja plantado. Dessa forma, o homenageado, que em vida contribuiu com a sociedade, continuará contribuindo com o seu meio através da semente. Deixemos burocracia, construamos bosques, jardins e vamos juntos enfeitar a “noiva”.
J.F.ALVAREZ JULHO DE 2011