Capital social, cidadania e desenvolvimento local

Antes de começar essa resenha acerca do capital social, rememorei as discussões sobre a mensuração desse valor, afinal, se existe algo difícil em falar desse tipo de recurso, se é que posso chamar assim, esse algo é exatamente a quantificação dos valores humanos, e isso deixa a abordagem do tema extremamente ramificada e bem mais difícil.

Quem nunca se perguntou: Qual minha contribuição efetiva para as gerações futuras? Penso que o fulcro inicial da geração de um valor social é a existência dessa preocupação individual. Entretanto, como uma expressiva parcela de nossa sociedade decide (voluntária ou forçosamente) alienar-se, grande parte desse potencial existente na mobilização das massas acaba por deixar de propiciar conquistas coletivas e é desviado ou manipulado para geração de ganhos individuais.

Por outra óptica, sei que existem faíscas de esperança e reais anseios pelo bem comum entre muitos que buscam o apoio em massa para chegar ao topo, todavia, um súbito pessimismo só me permite enxergar agora que, ao alcançar-se o patamar desejado, muda-se repentinamente de discurso ou acaba-se optando pela neutralidade e pelo silêncio.

É realmente lamentável que as coisas ocorram dessa maneira, pois, a geração efetiva de capital social, inerentemente influente, direciona sempre ao trabalho, ao pensamento e às reivindicações coletivas.

Salvo a iniciativa de geração de opiniões em massa pela política, outro forte meio gerador de capital social são as organizações. Estas têm papel preponderante no que diz respeito à influência das mentalidades e ao arrebatamento de “fiéis”. A grande questão é: Qual é o verdadeiro interesse de determinadas instituições ou organizações em gerar sujeitos pensantes, críticos e questionadores? Será que esse é o real interesse? Temo que não e suspeito ainda que, muitas das vezes essa falsa preocupação, na verdade não passa de um meio de ludibriar, colocando diante dos manipulados espelhos ou falsos cenários daquilo que se espera ver, em troca da comodidade de manter-se quieto e ser uma mera marionete nas mãos das corporações. Ainda atrevo-me a dizer que, por vezes, isso até satisfaz egos sujeitados, agora tidos como “pensantes” e “aptos” para posicionarem-se ante situações que não podem ser mudadas, só pra terem o prazer de “participar”, mesmo que essa participação corrobore com a manutenção do atual cenário de caos.

Não acredito que essa seja a verdadeira e final atribuição de um cidadão. Falar de cidadania para mim é falar de revolta, revolução, porfia, acusação, cara pintada e marcha… tudo isso em função de um bem comum, do maior dos nossos direitos: a Liberdade. Por favor, não me tenha como louco ou radical, sou até bem comedido nas minhas palavras. A vantagem é que o papel nunca revida enquanto escrevo, mesmo que leitores meneiem negativamente a cabeça depois de ler-me.