ADEUS TOPETE
Nunca na história política desse país um topete foi tão marcante. Guardada as devidas proporções, o topete do ex-presidente Itamar Franco está para a recente democracia brasileira assim como o topete de Elvis está para o rock n’ roll.
Como homem de vida pública, esteve presente em importantes episódios dos anais tupiniquim. No período da Ditadura Militar ele foi opositor e influente membro do MDB. Lutou pela redemocratização e pelas eleições diretas, apoiou Tancredo Neves e participou da assembléia que elaborou a Constituição atual.
Na nossa recém-nascida democracia, foi o vice-presidente do candidato que tinha a cara da renovação e jovialidade, Fernando Collor, também por um novo partido: O PRN. Após mais de duas décadas, o povo foi às urnas e teve uma experiência traumática. Como já sabemos, ocorreu um inédito ipeachment.
É empossado presidente no dia 29 de dezembro de 1992. Tem pela frente uma difícil missão: Reestruturar a economia nacional. Estávamos à beira de um colapso. A inflação poderia chegar ao nível de 2500%, segundo os economistas previam para o ano de 1993. O topete de Itamar era pura tensão.
Para acalmar os ânimos, eis que surge o Plano Real, que controla a inflação e até equipara a nova moeda ao dollar. O Ministro da Fazenda era Fernando Henrique Cardoso, que pega carona no sucesso do Real e se lança com êxito a presidência em 1994, se reelegendo quatro anos mais tarde.
Um fato que passa batido em seu breve governo é o plebiscito realizado em Abril de 1993. O povo deveria escolher qual a melhor forma de governar o país. Manteve-se a República Presidencialista. Mas detalhe: Quase 30% dos votantes não compareceram ou anularam o voto. E cerca de 10% foram a favor da monarquia. Quem além dos descendentes de Bragança queria um rei?
Na manhã de hoje, faleceu o marcante e zeloso Itamar. A presidenta Dilma decreta luto nacional e o país se despede do maior topetudo da política. A vaga que deixou no Senado será ocupada pelo seu primeiro suplente, o atual presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella. No Senado obviamente ele precisa ser substituído, mas na memória do povo não. Ninguém esquecerá esse topete...