Gestalt-terapia, o homem enquanto uma totalidade
                        Águida Hettwer
 
 
    O fundador da Gestalt-terapia foi Frederick Perls, médico psiquiatra, nascido em Berlim, Alemanha em 1893 e faleceu em 1970, Chicago, EUA. Filho de pais judeus, na adolescência, sobressai à rebeldia, problemas em respeitar autoridades, mau aluno, reprovado e expulso da escola. No entanto, num momento mais centrado, retoma os estudos e forma-se em medicina, especializando-se em psiquiatria. Serviu como médico no exército Alemão na primeira Guerra Mundial, e logo, trabalha no Instituto de Soldados com Lesões Cerebrais, e entende a importância de analisar o homem, e o organismo, enquanto uma totalidade, num sistema interligado, organizado, e sua correlação e interdependência. Num congresso psicanalítico, encontra-se com Freud, no qual não lhe dá crédito e atenção. Anos depois Perls, rompe com a Psicanálise Freudiana.
 
 A Psicologia da Gestalt tem como abordagem e seus principais conceitos, o homem central integrado em uma unidade indivisível entre corpo e mente. Todo organismo possui capacidade de equilíbrio consigo e com o meio. Seu sentir, suas emoções, pensar e agir, e suas manifestações são partes de um todo, ou seja, todas as necessidades são expressões diretas de instintos do organismo. Representa um modo específico de observar o desenvolvimento do ser humano, na sua relação com o meio.  O homem expressão de tudo, o foco de tudo, com o meio, e os eventos que vão de encontro, a sua satisfação. Cabe ao observador gestalitico, estar atento as formas de expressões do paciente, não só verbais, mas em linguagem gestual, corporal e motora.
 
  Um encontro fenomenológico de respeito e ética, o que é relevante, é o “Aqui e Agora”, sem atribuir culpas a passados deterministas (por que o passado não tem como mudar). A Gestalt - terapia, não investiga o passado, para simplesmente procurar traumas e sim, como o indivíduo se sente em relação à experiência (figura, fundo) e qual a importância e o significado neste momento (presente). A realidade como um todo, não apenas, assimilando e sim substituindo, “Como em vez do porquê” se está vivenciando. A ênfase de viver voltada para o presente e uma compreensão da experiência de uma maneira descritiva, fenomenológica e não meramente casual.
 
Na linha de pensamento da Gestalt, é importante encorajar a tomada de consciência, mas a mudança não deve ser algo forçado, pois cada pessoa é responsável por sua vida, ao se libertar do conteúdo reprimido, saber o que está experenciando a todo o momento. Estar consciente de como irá trabalhar as questões, os conflitos, as dores, digerir, mastigar, assimilando seu próprio processo, sem fugir desta conscientização desagradável, que nos confronta. Sobretudo, estando ciente, que para o crescimento puro e genuíno, não há como continuar usando “máscaras”, como mecanismos de defesa, introjetando padrões dos outros, para se sentirem amados, ou projetam no outro, a responsabilidade do que lhe é inerente. Entram em confluência, negam muitas vezes opiniões contrárias as suas, não sabem respeitar limites e não compreendem que cada pessoa possui uma digital única, portanto, não há uma padronização em massa da raça humana e o meio. Aprender a arte de se aceitar, com todos os defeitos e virtudes, ao invés de voltar-se contra si de forma bruta, grotesca e ríspida.
  
 Faz-se necessário rasgar os papéis e nos assumir, mesmo com borrões, tentativas e inúmeros rascunhos e experimentar a explosão do vazio e do nada, metaforicamente presenciando a própria morte (velho homem), para ressurgir das cinzas, feito Fênix. Vestindo novas vestes, construindo para si novos conceitos, intelectuais, sensoriais, corporais e espirituais, interagindo suficiente com o mundo, a racionalidade, a fantasia e com as emoções em uma dinâmica de crescimento. Ao autografar o livro da nossa história de vida, sejamos autênticos, norteadores, sóbrios, centrados, no entanto, apaixonados pela poética fascinante de ser um indivíduo único na sua subjetividade e totalidade. Mesmo que o caminho seja estreito, árduo e doloroso, contudo, libertador e infinitamente recompensador.
 
Uma vida autêntica, mediada entre liberdade com responsabilidade, um ambiente e relações seguras, confirmadoras e não justificadoras, acarretará um processo psicológico ciente e sadio, regado de verdade, começa em mim, se estende ao outro e ao meio em plenitude de vida.
 
 
 
 
 
20/06/2011