A morte precisa ocupar um lugar na nossa agenda
“Quem ensinar os homens a morrer, os ensinará a viver".Montaigne, escritor e ensaísta francês da segunda metade do século XVI,conseguiu enxergar através do coração da inspiração e produziu estas sábias palavras.Na verdade, a maioria das pessoas vivem como se nunca fossem morrer. Fazem planos para tudo. Investem esforços e sacrifícios para realizarem seus sonhos de consumo e bem-estar físico. Investem na melhoria da aparência física, até aí nada mal. A busca pelo bem-estar e pela beleza faz parte da natureza humana. O problema é que,a maioria delas , esquecem ou evitam investir na vida espiritual,evitando até mesmo falar sobre o assunto,por isso quando a morte vem buscá-las, encontram-nas completamente despreparadas para uma viagem sem retorno.O fim do ciclo da vida física deveria ser encarado como um evento normal e natural,não como algo terrivelmente doloroso medonho e cruel,mas para isso a morte precisaria fazer parte de nossas reflexões diárias, de nossas conversas e assim,estaríamos razoavelmente preparados para recebê-la, tornando-a mais aceitável,mais humana. Infelizmente, a maioria dos homens foge dessas reflexões e fixa seus pensamentos e atitudes na cultura que a sociedade de consumo lhes impõe.Desta forma,na maioria das vezes, acabam colocando o trivial sobre o essencial.Insisto:A morte precisa ocupar um lugar na nossa agenda. Precisamos reconstruir nossos valores . Nossa visão sobre ela precisa de um novo enfoque.Cristo tem a resposta certa para esse problema. Vejamos qual o conceito dEle sobre vida e morte.Certa vez, sob um sol rigoroso, Ele caminhava por uma estrada poeirenta e cheia de pedregulhos e encontrou um homem a quem convidou para segui-LO. Disse: - “Vem e Segue-me”. – “Deixa primeiro eu enterrar meu pai”, respondeu o rapaz. Jesus olhou no rosto do moço, desfigurado pela dor da perda, e de pronto disse – “Deixai aos mortos, enterrar seus mortos”.Podemos deduzir pela resposta de Cristo que, estando separados da comunhão com Deus, as pessoas vivas fisicamente, podem ser consideradas mortas do ponto de vista espiritual. Em outras palavras, é um defunto com vida. conclui-se,facilmente, pela resposta do Mestre que o pai do homem com quem Jesus travara o diálogo estava morto duas vezes,física e espiritualmente.Há um outro conteúdo, no mínimo “intrigante” na resposta de Cristo. É estranho que alguém mande uma pessoa abandonar o enterro do próprio pai para segui-LO. Mas vendo pelos olhos do espírito, é plenamente compreensível. Ele queria dizer –“Segue-me e ajuda-me a evitar que outras pessoas cruzem a fronteira da morte morto duas vezes como teu pai. “Está morto mesmo, alguém o enterrará ,não perca tempo”.Portanto ,os homens precisam levar a sério o conteúdo do ensinamento de Jesus sobre a vida e a morte. Precisam assimilar e viver o conteúdo simples e prático do Mestre sobre a expiração da vida física.O destino do nosso corpo espiritual,após a morte física foi levado tão a sério por Jesus que sua preocupação central durante seu Ministério era com a salvação da alma das pessoas e com o bem-estar de suas vidas no mundo espiritual. Teria Jesus sido tolo em demonstrar tanta preocupação com este tema ou seriam tolos os homens ,que teimam em não colocar a morte como a única certeza de suas vidas? Se agendamos eventos mais simples do nosso cotidiano,por que não agendar também a morte física?
Marcos Antonio Vasconcelos Rodrigues
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