Os delírios de tentação dos monges medievais(Artigo 4)

Para alguns apenas a tentação de Jesus foi relatada e nada mais temos no Ocidente registrado até então,exceto alguns casos de santos da Idade Média como São Ambrósio que era tentado por demônios no deserto e cuja lenda dizia que ele tomava óleo como se tivesse tomando água, mas a oração de Cristo durante 40 dias e noites no deserto não foi acompanhada de delírios de erotismo, não foi vista nenhuma mulher seduzidno Cristo no texto, mas isso na Idade Média seria muito provável, pois os monges, a despeito de serem homens com capacidades incríveis, mas ainda totalmente humanos, ficavam 10,15 e até mesmo 30 dias no deserto a jejuar e orar, era absolutamente comum que através de fome, sede e o calor escaldante, uma imagem feminina na qual os monges reprimiam e se culpavam por desejar, fosse a primeira imagem mental a ser evocada. Não citarei aqui nenhum nome de monge, não quero cansar e fazer um corolário da " decoreba" , mas apenas tentar comentar sobre os delírios.

Primeiro: Não era comum que as mulheres corressem atrás de qualquer homem na Idade Média, havia um rígido controle da conquista amorosa e não permitia a mulher tomar qualquer iniciativa.

Segundo: É de se duvidar e mesmo de se fazer pilhérias que uma mulher apareça num deserto sem nenhum tipo de transporte animal e que resista ao calor abrasivo do dia, e ao congelamento da atmosfera a noite, temperaturas abaixo de zero que cortam todo o deserto

Terceiro: Alguns monges eram desprovidos de beleza fisica, o que poderia nos fazer pensar que eles sentiam um complexo de inferioridade e a mente deles para suprmir esse complexo sentir-se-iam seduzidos por uma bela mulher, a vocação sacerdotal fica duvidosa.

Quarto: Provavelmente nos delírios, na qual prefiro chamar de delírios de grande sedução, os monges se imaginavam potentes em atração física e sexual e transferiam essa potência carregada em uma mulher.

Porém não deve haver uma homogeneidade nos delírios, talvez muito poucos tenham passado por tentações carnais, sabemos que os monges viam demônios e estavam sendo tentados a desistir de sua missão.

Os delírios femininos dos monges também podem ser levados como uma projeção e desejo em ser mulher, se Freud( 1910) está correto em ver no caso de Schreber, devemos sem ter tergiversações, que os monges sentiam a mesma fantasia dentro de si.

Se os delírios de tentação são diferentes e não o contrário, ao menos se pensarmos que alguns demônios poderiam ser vistos pelos monges como " femininos", com qual propriedade podemos falar dos delírios de tentação como sendo reais em acontecimento?

Ora, os delírios de tentação erótica não se resumem apenas ao mundo judaico-cristão, as culturas mais antigas do Oriente Médio também nos mostra que a " mania" de ver corpos atraentes como tentação é comum, Homero nos fala da transformação dos amigos de Ulisses em porcos na ilha de Eana por terem sido seduzidos pela beleza da nobre feiticeira, diz-se que os deuses antigos brincam até com os monarcas, acaso Marduk estaria brincando com o rei que teve hidropisia? Entre os sumérios e babilônios é comum os espíritos tentar enganar e seduzir os corpos mais belos.

Devemos também des-clinicar nosso olhar e tentarmos estender o nosso olhar sobre o corpo a nossa realidade social se falamos de nós e de tal época quando nos reportamos a qualquer século antigo, o rei, o sacerdote, o profeta e qualquer pessoa que tenha vivido a Antiguidade e passado por tal situação, não tem apenas um delírio, mas vive o mito de sua época. Na Idade Média, que muitos estudos negam com veemência a expressão " Idade das Trevas", a Igreja e a nobreza tem um medo, apreensão e horror ao corpo, as roupas são longas e pesadas, a distância entre os corpos( ao menos publicamente), é demasiado enorme, nada permite que se mencione o corpo como um todo ou apenas partes, se os antigos gregos por pudor comum e não religioso chamam seus genitais de tà aphrodisia, uma palavra elegante e poética, os homens medievais silenciam sepulcramente suas imagens corporais, prática comum é não banhar-se, ainda terá que esperar alguns séculos pela invenção do perfume e apenas os nobres o usam, não é preciso questionar as imensas enfermidades que aumentavam em cada época.

LuHessBuss Moonshadow
Enviado por LuHessBuss Moonshadow em 02/06/2011
Reeditado em 05/05/2023
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