trecho de mais um livro em fase de escrita

Capítulo 1

A Grande Tempestade, O Lenhador e varias machadadas.

Seu semblante carregado expressa a sua angustia e a sua dor.

_MAS POR QUE VOCÊ CHORA ESCRITOR DE FANTASIAS?

O QUE FAZ COM QUE SEUS OLHOS VERTAM TANTAS LÁGRIMAS?

O QUE VOCÊ QUERIA QUE AS PESSOAS FIZESSEM POR VOCÊ?

O ESCRITOR TRISTE RESPONDE: _GOSTARIA DE SER AMADO!!

_MAS, AS PESSOAS TE AMAM.

_NÃO, ELAS NÃO ME AMAM, ELAS AMAM O QUE EU FAÇO.

NÃO IMPORTA O QUE EU SINTO, NEM COMO ESTOU, PARA ELAS TANTO FAZ, NÃO FAZ DIFERENÇA SE ESTOU BEM OU MAU CONTANTO QUE EU FAÇA O QUE LHES AGRADA.

_MAS O QUE VOCÊ ESCREVIA?

E O QUE VOCÊ FAZIA?

_EU ESCREVIA SOBRE COISAS DIVINAS, INSPIRADAS E MARAVILHOSAS.

_ E POR QUE PAROU DE ESCREVER SOBRE ELAS?

SILÊNCIO...

UM MOMENTO DE REFLEXÃO E INTROSPECÇÃO.

O ESCRITOR FINALMENTE RESPONDE:

POR QUE?

POR ACASO NÃO CONHECE A MINHA ANGUSTIA E A MINHA DOR?

NÃO SABES DE TUDO QUE TENS ACONTECIDO NA MINHA VIDA AO LONGO DE TODOS ESTES ANOS?

VEJO QUE VOCÊ NÃO SABE NADA AO MEU RESPEITO VEJO QUE NÃO CONHECE A MINHA HISTÓRIA.

_DESCULPE-ME A IGNORÂNCIA SENHOR ESCRITOR E A FALTA DE CONHECIMENTO MAS SERÁ QUE PODERIA ME CONTAR UM POUCO SOBRE VOCE; UM POUCO SOBRE A SUA HISTÓRIA?

_MAS POR QUE QUER SABER SOBRE MIM?

QUESTIONA O ESCRITOR COM RAIVA.

_O QUE HÁ DE INTERESSANTE NA MINHA VIDA?

TUDO QUE TENHO SÃO RETALHOS DE TEXTOS E ALGUNS FRAGMENTOS DO PASSADO COISAS QUE NÃO VOLTAM MAIS, ÉPOCAS BOAS E ALEGRES MAS QUE SE DESFIZERAM POR CAUSA DA GRANDE TEMPESTADE.

_TEMPESTADE? PERGUNTA AFLITO O JOVEM: MAS QUE TEMPESTADE?

_ORA ORA SEU TOLO, NEM AO MENOS CONHECE O DIA EM QUE FUI ACOMETIDO PELA GRANDE TEMPESTADE?

AGORA VEJO QUE NÃO ME CONHECE MESMO.

A GRANDE TEMPESTADE VEIO QUANDO EU MENOS ESPERAVA; ALIÁS ERA MELHOR QUE ELA TIVESSE VINDO DO QUE A PODA COM O GRANDE MACHADO DA DECEPÇÃO.

AQUELE MACHADO ME DEIXOU ASSIM, COMO VOCÊ ESTÁ ME VENDO AGORA.

MAS NÃO PENSE QUE O LENHADOR ME CORTOU DE UMA ÚNICA VEZ, POIS SEMPRE FUI FORTE INABALÁVEL E AOS OLHOS DE TODOS INVENCÍVEL.

A VERDADE É QUE NUNCA DEI FRUTOS MAS SEMPRE TIVE SOMBRA ONDE AS PESSOAS SE ESCONDIAM DOS VENTOS, ONDE OS PÁSSAROS ENCONTRAVAM ABRIGO E ONDE AS CRIANÇAS BRINCAVAM COM AMOR.

MAS O LENHADOR SEMPRE ME ODIOU.

ELE SEMPRE VINHA E QUERIA POR TUDO CORTAR AS MINHAS RAÍZES POIS EU ERA UMA GRANDE ÁRVORE.

NÃO SEI A RAZÃO DE SEU ÓDIO NÃO SEI PORQUE MOTIVOS ELE QUERIA ME DERRUBAR MAS A VERDADE É QUE ELE SEMPRE ME ODIOU.

TODOS OS DIAS ELE VINHA E DAVA UMA PEQUENA MACHADADA EM MIM, DE LEVE.

AS DEMAIS ÁRVORES SORRIAM, ME DAVAM PALAVRAS E DIZIAM QUE NADA DE RUIM IRIA ME ACONTECER EU ACREDITAVA NELAS AFINAL DE CONTAS EU ERA UMA GRANDE ÁRVORE QUE JAMAIS HAVIA SIDO CORTADA.

MAS O LENHADOR TINHA UMA PACIÊNCIA INCRÍVEL, INVEJÁVEL E GRANDE MUITO GRANDE.

SABIA QUE NÃO PODERIA ME CORTAR DE UMA SÓ VEZ ENTÃO ELE ME CORTAVA AOS POUCOS, SEM QUE NINGUÉM PERCEBESSE, EU TENTAVA CONTAR AOS OUTROS MAS ERA SEMPRE ACONSELHADO A CONTINUAR FIRME CONVICTO DE QUE NADA DE RUIM ME ACONTECERIA.

AS PESSOAS VIAM AS MACHADADAS MAS FINGIAM QUE NADA ESTAVA ACONTECENDO ELAS SÓ SE IMPORTAVAM COM SEU BEM ESTAR.

COM MINHA SOMBRA, MINHAS FOLHAS E O ABRIGO QUE HÁ ELAS EU PROPORCIONAVA.

ENQUANTO ISTO O LENHADOR VINHA DIA APÓS DIA E ME FERIA, COMO EU JÁ DISSE COM COISAS PEQUENAS, PEQUENOS CORTES COM SEU MACHADO AFIADO.

SUA PACIÊNCIA TEVE SEUS FRUTOS E UM DIA ELE CONSEGUIU O QUE MAIS QUERIA: ME DERRUBOU.

MAS NÃO ME EMPURROU, NÃO FEZ FORÇA, ELE SIMPLESMENTE ENVIOU A GRANDE TEMPESTADE.

COMO ESTAVA COM MINHAS RAÍZES FRACAS E DEBILITADAS FUI PRESA FÁCIL PARA O VENTO E CAÍ.

_MAS POR QUE VOCÊ NÃO GRITOU POR AJUDA? POR QUE NÃO GRITOU E PEDIU SOCORRO?

FURIOSO E AO MESMO TEMPO TRISTE ELE RESPONDEU COMO QUE ESBRAVEJANDO AOS CÉUS EM PLENOS PULMÕES:

_MAS EU GRITEI, EU PEDI AJUDA, EU CLAMEI COM TODAS AS MINHAS FORÇAS, MAS NINGUÉM QUIS ME OUVIR POIS PENSAVAM QUE EU ESTAVA BRINCANDO, ALGUNS PENSAVAM QUE EU ESTAVA EXAGERANDO E OUTROS ATÉ ME REPREENDIAM QUANDO EU DIZIA QUE ESTAVA DOENDO.

ATÉ MESMO O AGRICULTOR O HOMEM QUE HAVIA ME PLANTADO NÃO QUIS ME OUVIR ENQUANTO EU CLAMAVA, ENQUANTO DIA APÓS DIA O LENHADOR ME FERIA COM SEU MACHADO.

UM MOMENTO DE SILÊNCIO, E MAIS UMA PERGUNTA:

_ME CONTE SOBRE A GRANDE TEMPESTADE, COMO FOI ESTE DIA?

_DIA?MAS A QUE DIA VOCÊ ESTÁ SE REFERINDO? O ESCRITOR QUESTIONA.

E SORRINDO IRONICAMENTE E OLHANDO PARA O CÉU O ESCRITOR RESPONDE:

_QUEM ME DERA FOSSE DIA AQUELE TRISTE DIA.

ERA UMA NOITE UMA NOITE FRIA E ESCURA COMO NENHUMA OUTRA QUE HAVIA TIDO NA FACE DA TERRA, NÃO HAVIA A LUZ DA LUA, O BRILHO DAS ESTRELAS NÃO HAVIA NADA ALÉM DE FRIO E UM SILÊNCIO ABSURDO.

ESTAVA SOZINHO, MACHUCADO, FERIDO COM MINHAS RAÍZES DOENDO, QUANDO ELE VEIO PARA ME DAR O GOLPE FINAL.

HÁ TEMPOS SENTIA QUE MINHAS FORÇAS HAVIAM SIDO ABALADAS QUE MINHAS RAÍZES JÁ NÃO ESTAVAM MAIS DA MESMA FORMA MAS EU NÃO PODIA ME DEFENDER RESTAVA-ME APENAS ESPERAR PELO GOLPE FINAL.

SEM DÓ NEM PIEDADE ELE VEIO COM SEU MACHADO E DESFERIU SEU ULTIMO GOLPE.

NÃO DISSE UMA ÚNICA PALAVRA, SIMPLESMENTE OLHOU PARA MIM PORÉM EM SEUS OLHOS EU VI A SATISFAÇÃO, A FOME SENDO SACIADA FOME QUE ESTAVA GUARDADA POR MUITOS ANOS.

ESPERAVA QUE ALGUÉM ME DEFENDESSE MAS NÃO.

ESPERAVA QUE O AGRICULTOR IMPEDISSE A MINHA QUEDA MAS TAMBÉM NÃO.

NINGUÉM SE INTERPÔS ENTRE MIM E O LENHADOR TODOS ME VIRAM CAIR MAS NINGUÉM ESTENDEU A MÃO.

ENTÃO DEPOIS DO ULTIMO GOLPE VEIO UM FORTE VENTO QUE SOPROU CONTRA MIM FAZENDO-ME CAIR AO CHÃO E ASSIM FUI DERRUBADO PELA GRANDE TEMPESTADE.

_ QUE COISA MAIS TRISTE! EXCLAMOU O JOVEM.

_SIM, MUITO TRISTE MEU JOVEM AMIGO.

DEPOIS QUE AS RAÍZES SÃO CORTADAS O MAIS SIMPLES VENTO É CAPAZ DE NOS DERRUBAR.

CUIDADO COM O LENHADOR, CUIDADO COM A GRANDE TEMPESTADE.

DEPOIS DESTA CONVERSA NO BOSQUE ELES FORAM ATÉ A CASA DO ESCRITOR DE FANTASIAS, CAMINHARAM HORAS E HORAS POR UMA ESTRADA LONGA SEM ASFALTO, SEM COR, SEM VIDA, SEM PÁSSAROS SEM MELODIAS.

DURANTE O TRAJETO ELES NÃO TROCARAM PALAVRAS, NÃO SE OLHARAM, O JOVEM PENSAVA EM FALAR ALGO PARA CONFORTAR O ESCRITOR MAS NAQUELE MOMENTO QUALQUER COISA QUE FOSSE DITA SERIA INÚTIL POIS A DOR TOMARA CONTA DO SEMBLANTE DAQUELE HOMEM.

DURANTE O TRAJETO A ÚNICA COISA QUE FALAVA MAIS ALTO ERAM OS PENSAMENTOS.

SUA CASA FICAVA EM UMA MONTANHA DE DIFÍCIL ACESSO AFASTADA DA CIDADE DOS VIVOS E LONGE DOS BANQUETES DOS QUE SE ALEGRAVAM COM MUSICAS E DANÇAS.

SUA CASA ERA ENORME PARECIA COM UM GRANDE PALÁCIO.

ERA INVERNO, E POR SER NAS MONTANHAS ELA ESTAVA TOMADA PELA NEVE E PELO GELO, SERIA BOM ELES ENTRAREM LOGO PARA TOMAR UM CHÁ OU QUEM SABE UM COPO DE CHOCOLATE QUENTE.

ANTES QUE ENTRASSEM O ESCRITOR O ADVERTIU DIZENDO QUE NÃO REPARASSE NA BAGUNÇA POIS HAVIA VÁRIOS ANOS QUE ELE NÃO RECEBIA VISITAS EM CASA, NÃO PORQUE FOSSE UMA PESSOA MÁ OU ANTI-SOCIAL MAS PORQUE DURANTE OS ANOS DE INVERNO ELE COSTUMAVA FICAR A SÓS PARA PODER COMPOR, ESCREVER E DAR VIDA AS SUAS IDEIAS E PENSAMENTOS.

AO ENTRAR ELE SE DEPAROU COM UMA ESCRIVANINHA VELHA E EMPOEIRADA, HAVIA TAMBÉM UMA CADEIRA DE BALANÇO E UMA VELA ACESA.

SOBRE A MESA HAVIA UMA CANETA DE OURO FEITA DE PENA DE AVESTRUZ, UMA TINTEIRA, ALÉM DE MUITOS RASCUNHOS, ANOTAÇÕES, PÁGINAS, VARIAS PÁGINAS INCONTÁVEIS PÁGINAS ESCRITAS.

COMO UM BOM ANFITRIÃO O ESCRITOR PEDIU QUE ELE SE ASSENTASSE EM SUA POLTRONA QUE ESTAVA PERTO DA LAREIRA ACESA DANDO MAIS CALOR AO AMBIENTE GELADO QUE HAVIA NA CASA, E QUE ESPERASSE ENQUANTO ELE IA ATÉ A COZINHA PREPARAR UM CAFÉ DELICIOSO ACOMPANHADO DE ALGUNS BISCOITINHOS DE QUEIJO.

O JOVEM NÃO ACHOU NADA MÁ AQUELA IDEIA E TRATOU DE SE ASSENTAR RAPIDAMENTE NA POLTRONA.

APESAR DA CONVERSA TRISTE QUE ELES HAVIAM TIDO POUCO TEMPO ATRÁS DAVA PARA PERCEBER NO ROSTO DO ESCRITOR UMA CERTA ALEGRIA POR AQUELA VISITA, NÃO ERA UMA ALEGRIA QUE CONTAGIAVA QUE BRADAVA QUE CELEBRAVA MAS ERA AINDA QUE PEQUENA UMA ALEGRIA E ISTO DEIXAVA NOSSO JOVEM FELIZ, ISTO FAZIA COM QUE ELE SE SENTISSE ÚTIL.

vandovidaluz
Enviado por vandovidaluz em 29/05/2011
Código do texto: T3000883
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