Oh, tristeza me desculpe.....
Tenho andado meio recolhida ultimamente.Confesso até que já é uma característica minha.Quando algo me incomoda e minha emoção é atingida, me fecho em copas, recolho-me a mim mesma e fico hibernando por algum tempo.Sei que não é uma prática usual à maioria.Muitos vão em frente, fazendo de conta que nada aconteceu, que tudo vai melhorar num piscar de olhos.É o tal do pensamento mágico que algumas pessoas levam a cabo brilhantemente.Confesso que às vezes me dá uma pequenina inveja de quem consegue essa proeza.Eu até já tive esse período em minha vida, bem lá atrás.Naquela época aprendera a jogar com maestria o “jogo do contente” da Pollyana.Alguém se lembra? Creio que todos de minha geração se lembrarão.A menina sonhadora que fui não se diluiu no nada.Felizmente, não.Mas é que a gente vai somando experiências, vai vivendo a vida em suas manifestações de toda a ordem, vai sentindo na pele e, principalmente no coração, os reveses.E aí, a gente vai se “esquisitando”, passa a dar tratos à bola com mais freqüência, vai ruminando algumas coisas pouco digeríveis e , com isso, um certo sentimento vai se encorpando dentro da gente.É.Estou falando da tristeza.Esse sentimento mal falado, mal entendido, pouco comum à nossa modernidade.A família de tal sentimento é bem famosa.Todo mundo sabe falar de depressão, de manias, desde as corriqueiras até as Pmds que levam ao consultório psiquiátrico.Todo mundo tem uma receitinha de um “tarja preta” a passar para uma amiga ou um remedinho fitoterápico que acalma o estresse e traz “os raios de Sol de volta”.Mas da tristeza...
Como a gente vive tempos em que o preconceito vem se exteriorizando de todas as formas ( basta ler os comentários sobre homofobia na internet), a tal da tristeza nunca foi levada a sério.E é nesse sentido que desejo tirá-la do limbo.
Quem disse que não se pode ser triste? Viver é algo infinitamente complexo, que passa pelo aprendizado de ser simples e valorizar o que realmente importa.Quer tarefa mais árdua do que essa? A gente leva um tempão pra resgatar o que fomos na infância, pra ser leve que nem uma criança, pra se despojar de tantos conceitos errôneos que nos aprisionaram nas conveniências sociais.E é aí que a tristeza entra.É preciso reencontrar o nosso “mosteiro”, tipo aquele que a gente tinha quando criança, quando queríamos nos esconder dos adultos para vivermos nossas belas fantasias.E quando nos enclausuramos dentro de nós, somos totalmente responsáveis pelo desânimo que nos acomete.A gente se permite ser a gente mesmo, a deixar fluir aquelas emoções tristonhas que foram preteridas em nome das imposições dos outros. Por que ninguém quer uma pessoa triste por perto?Sempre aparece alguém extremamente entusiasmado que acha que tem de demonstrar euforia 24h ao dia.
Então, diante da não permissão para a tristeza, a gente vira monge/monja por um tempo e....isso pode ser muito bom! Depois da hibernação, do balanço que fazemos de nós mesmos, do se deixar esparramar em nossos verdadeiros sentimentos, podem até vir à nossa lembrança alguns belos versos de uma canção mais conhecida também (infelizmente) pela turma de minha geração.Essa canção, cuja autoria é de João de Aquino e Paulo César Pinheiro ,foi eternizada na voz de Taiguara e ilustra de forma primorosa o que se pode sentir de belo depois de se entregar à tristeza e, de alma leve, poder dar as boas-vindas à poesia e à alegria.
“Oh! tristeza me desculpe,estou de malas prontas
Hoje a poesia veio ao meu encontro
Ja raiou o dia,vamos viajar
Vamos indo de carona
Na garupa leve do vento macio
Que vem caminhando,desde muito longe
La do fim do mar ,vamos visitar a estrela
Da manha raiada,que pensei perdida,pela madrugada
Mas que vai escondida,querendo brincar ....”
E como a poesia pode nos conferir o antídoto necessário às intempéries da vida! Como é bom fazer o resgate de nossas mais genuínas sensações!
Tenho andado meio recolhida ultimamente.Confesso até que já é uma característica minha.Quando algo me incomoda e minha emoção é atingida, me fecho em copas, recolho-me a mim mesma e fico hibernando por algum tempo.Sei que não é uma prática usual à maioria.Muitos vão em frente, fazendo de conta que nada aconteceu, que tudo vai melhorar num piscar de olhos.É o tal do pensamento mágico que algumas pessoas levam a cabo brilhantemente.Confesso que às vezes me dá uma pequenina inveja de quem consegue essa proeza.Eu até já tive esse período em minha vida, bem lá atrás.Naquela época aprendera a jogar com maestria o “jogo do contente” da Pollyana.Alguém se lembra? Creio que todos de minha geração se lembrarão.A menina sonhadora que fui não se diluiu no nada.Felizmente, não.Mas é que a gente vai somando experiências, vai vivendo a vida em suas manifestações de toda a ordem, vai sentindo na pele e, principalmente no coração, os reveses.E aí, a gente vai se “esquisitando”, passa a dar tratos à bola com mais freqüência, vai ruminando algumas coisas pouco digeríveis e , com isso, um certo sentimento vai se encorpando dentro da gente.É.Estou falando da tristeza.Esse sentimento mal falado, mal entendido, pouco comum à nossa modernidade.A família de tal sentimento é bem famosa.Todo mundo sabe falar de depressão, de manias, desde as corriqueiras até as Pmds que levam ao consultório psiquiátrico.Todo mundo tem uma receitinha de um “tarja preta” a passar para uma amiga ou um remedinho fitoterápico que acalma o estresse e traz “os raios de Sol de volta”.Mas da tristeza...
Como a gente vive tempos em que o preconceito vem se exteriorizando de todas as formas ( basta ler os comentários sobre homofobia na internet), a tal da tristeza nunca foi levada a sério.E é nesse sentido que desejo tirá-la do limbo.
Quem disse que não se pode ser triste? Viver é algo infinitamente complexo, que passa pelo aprendizado de ser simples e valorizar o que realmente importa.Quer tarefa mais árdua do que essa? A gente leva um tempão pra resgatar o que fomos na infância, pra ser leve que nem uma criança, pra se despojar de tantos conceitos errôneos que nos aprisionaram nas conveniências sociais.E é aí que a tristeza entra.É preciso reencontrar o nosso “mosteiro”, tipo aquele que a gente tinha quando criança, quando queríamos nos esconder dos adultos para vivermos nossas belas fantasias.E quando nos enclausuramos dentro de nós, somos totalmente responsáveis pelo desânimo que nos acomete.A gente se permite ser a gente mesmo, a deixar fluir aquelas emoções tristonhas que foram preteridas em nome das imposições dos outros. Por que ninguém quer uma pessoa triste por perto?Sempre aparece alguém extremamente entusiasmado que acha que tem de demonstrar euforia 24h ao dia.
Então, diante da não permissão para a tristeza, a gente vira monge/monja por um tempo e....isso pode ser muito bom! Depois da hibernação, do balanço que fazemos de nós mesmos, do se deixar esparramar em nossos verdadeiros sentimentos, podem até vir à nossa lembrança alguns belos versos de uma canção mais conhecida também (infelizmente) pela turma de minha geração.Essa canção, cuja autoria é de João de Aquino e Paulo César Pinheiro ,foi eternizada na voz de Taiguara e ilustra de forma primorosa o que se pode sentir de belo depois de se entregar à tristeza e, de alma leve, poder dar as boas-vindas à poesia e à alegria.
“Oh! tristeza me desculpe,estou de malas prontas
Hoje a poesia veio ao meu encontro
Ja raiou o dia,vamos viajar
Vamos indo de carona
Na garupa leve do vento macio
Que vem caminhando,desde muito longe
La do fim do mar ,vamos visitar a estrela
Da manha raiada,que pensei perdida,pela madrugada
Mas que vai escondida,querendo brincar ....”
E como a poesia pode nos conferir o antídoto necessário às intempéries da vida! Como é bom fazer o resgate de nossas mais genuínas sensações!