UMA ARGENTINA FOGOSA

Semana passada eu fiz um comparativo entre as difíceis etapas de se conseguir um padrão entre amigos que propicie uma tarefa de cooperação. Cheguei a comprar o MERCOSUL a um condomínio normal, onde todos sempre estão insatisfeitos com os feitos alheios, mas ou querem entrar para auferir vantagens ilícitas ou somente sabem falar e não fazem nada!

Logo em seguida no Condomínio MERCOSUL, dois síndicos poderosos iniciaram um pezinho de guerra branca, típico dos idiotas; o primeiro, a Argentina, começou a proibir que alguns produtos brasileiros entrassem em seu território, mas para disfarçar a proibição, criaram regras medíocres e infantis para justificarem a baderna da balança comercial!

Sabendo das manobras “de los hermanos”, era óbvio que o Governo do Brasil fosse adotar medidas de retaliação nas mesmas proporções. Nem eles, muito menos nós, imaginamos que as regras somente fossem implantadas do lado de Buenos Aires, porque podemos até nos comportar como trouxas o restante do ano, mas tudo tem limite.

O Condomínio Litigante do Mercado Comum do Sul, entidade sem pé nem cabeça que não serve para nada, até tem um síndico oficial (Fernando Lugo Presidente do Paraguai) e dizem que há um Tribunal Arbitral Permanente de Revisão com sede em Assunção. Oficialmente também quem é condômino nesta barca furada é o Brasil, a Argentina, o Paraguai, o Uruguai e a intragável atual Venezuela de Chávez; mas a Bolívia, o Chile, o Peru, a Colômbia e o Equador também metem o bedelho; na condição de observador está o nosso irmão distante, o México. Se vacilar entra também o Irã, Cuba, a Coréia do Norte, China e quem mais desejar fazer parte desta orgia política!

Comparando as economias dos dois maiores condôminos, Brasil e Argentina; os que agora estão brigando por seus produtos, nós somos maiores em tudo; nosso Produto Interno Bruto é quase seis vezes maior do que o deles; nossa população é quase cinco vezes maior e nossa capacidade de produção industrial chega a envergonhá-los, porque somos auto-suficientes na maioria daquilo que consumimos. Já “los hermanos que sólo sabem bailar tango y consumir vino de mala calidad”, produzem uns carrinhos chinfrins que as montadoras internacionais lhes dão permissão por caridade, para que eles aqueçam sua economia; e pouco mais do que isso é visto hoje numa terra onde o Governo já perdeu o respeito com seu povo há décadas!

A primeira vez que eu fui à Argentina ainda era a década de 80 em pleno Governo de Leopoldo Galtieri; mesma época da fatídica e estúpida guerra das Malvinas. Naquela época a Argentina havia perdido a guerra e ainda um punhado de meninos travestidos de soldados. Havia também sido implantado no país um caos tão profundo e medonho que todo o país precisou se mobilizar para tentar mudar a mazela que os militares tinham produzido. Eu havia entrado pela fronteira com Uruguaiana (Brasil) e o que vi em Paso de los Libres não foi nada animador! O comércio local de uma cidade de fronteira, praticamente devastado e antes mesmo de passar pela ponte, uma burocracia tamanha para autorizar que três brasileiros cruzassem pelo país para fazer turismo.

Se alguém pensa que alguma coisa mudou, mesmo depois da implantação do MERCOSUL, estão enganados. Depois daquela primeira viagem, creio que eu tenha voltado pelo menos outras 50 vezes e pouco notei de mudança concreta, seja na economia, seja no tratamento dispensado pelas autoridades, de quem os visitam! É bom sempre lembrar que há anos que o turismo de Buenos Aires sobrevive graças a bondade de nós, os trouxas que pagamos caro para visitá-la e nem sempre somos bem tratados!

O problema de nós brasileiros é bem simples; estamos sempre acostumados a sorrir e receber patadas pela cara. Se não temos neve, quando queremos conhecer, vamos diretamente a Bariloche, o reduto nazista das Américas; quando queremos dizer que saímos do país, vamos a Buenos Aires, a senhora violência do Cone Sul. Acreditamos que o nosso Real vale duas vezes mais do que o Peso deles e desta forma saímos daqui para comer Bife de Chouriço de R$ 30,00 por pessoa ou beber vinhos horríveis na terra que os produzem!

Ninguém mais do que eu defendo cidades argentinas como Puerto Iguazú, na fronteira do Brasil com Foz do Iguaçu; uma cidade hospitaleira com pessoas agradáveis e gentis, mas que já está aprendendo a explorar literalmente a bondade dos brasileiros, cobrando caro e ainda criando “caso” na hora de entrarmos lá por terra.

Sempre foi assim e cada vez mais a coisa tem piorado! Você chega de carro e logo uma turma de fiscais aduaneiros, que não procuram drogas, armas ou checam os documentos do seu carro, cercam-no para iniciar uma verdadeira seção de tortura psicológica; eles procuram intrigas com qualquer tipo de alimento que você esteja portando e ainda fazem uma bagunça na hora da checagem da documentação pessoal. Se seu RG for mais velho e você não estiver com passaporte, pode dar adeus a Argentina, porque eles não lhe permitirão a entrada. Se você for questioná-los, com certeza eles dirão: - É o acordo bilateral entre nossos países!

Do outro lado, os raríssimos argentinos turistas que cruzam a fronteira com o Brasil não têm dificuldade alguma em fazê-lo, “las puertas están abiertas”; nem a Polícia Federal, nem a Receita Federal, Fiscalização Sanitária, Ministério da Agricultura, nem o BOPE, a Liga da Justiça dos super-heróis, PM ou quem quer que seja, cria problemas para aquele povo passar por nossas fronteiras; isso ocorre por que somente nós, trouxas brasileiros, somos os únicos que incorporam a alma da criação do MERCOSUL.

Até parece que somente nós lucramos com a esta história medíocre de condomínio MERCOSUL; o que fica parecendo é que somente nossas mercadorias são vendidas para eles e que somente eles nos visitam para fazer turismo!

Não se trata de descriminação, mas quem visitar as praias brasileiras mais badaladas, do Ceará até o Rio Grande do Sul, o que mais se enxerga são argentinos vendendo bugigangas do tipo hippie. Salvo alguns poucos, aliás, raríssimos, que vão para o litoral Sul na forma de turista, os argentinos somente vem para o Brasil para promover desordem. Traficam drogas, consomem absurdamente cocaína e maconha nas praias, vendem produtos sem a menor qualificação ética e moram nas piores habitações que possuímos; este é o verdadeiro retrato “de los hermanos que vivem aquí”! - Precisa ser assim?

Claro que não! Nossos governos, se não fossem desordeiros, pretensiosos e individualistas, poderiam trabalhar pelo bem comum dos povos que compõem o tal condomínio MERCOSUL. Brasil e Argentina, principalmente, já deveriam ter adotado propósitos similares aos praticados pelo Uruguai e Chile, que estão sempre nos recebendo de abraços abertos e querendo cooperar em prol do bem comum, dando aulas de civilidade e espírito de vizinhança saudável. Não precisamos abrir nenhuma fronteira para podermos nos respeitar; não precisamos estar sempre um na casa do outro para podemos dizer que somos amigos; não precisamos comprar nada do outro, ou vender, para podermos agir com ética; muito menos precisamos ter exércitos enormes para podermos impor e cobrar acatamento e deferência.

Da mesma forma que num condomínio tradicional, os vizinhos precisam parar com fofocas, intrigas, enfim, precisamos saber exatamente o que é ser adjacente; quais implicações esta forma de vizinhança pode nos gerar de bom e de ruim, para podermos semear as coisas boas e nos desvencilhar das ruins!

Sabemos também que para termos balanças comerciais equilibradas se faz necessário uma série de medidas enérgicas que vão desde os salários pagos até o preço da produção de cada produto comercializado por ambos; é de fácil compreensão que devemos adotar medidas políticas em comum acordo e estratégias fiscais similares, para que possamos galgar os louros de um acordo comercial bi-lateral, mas não é nada disso que praticam a Argentina e o Brasil. Se fechássemos todas as nossas fronteiras com eles, seriam eles os maiores prejudicados, mas o Governo autoritário e truculento da Presidente Cristina Kirchner não está nem aí para as conseqüências. Isso tudo ocorre por que ela sabe bem que o nosso Governo não adotará retaliações mais severas, porque costumamos dar aos outros muito mais do que a nós próprios; e mais uma vez que o digam Venezuela, Equador, Cuba, Bolívia, Colômbia, Paraguai e países africanos! Se em nossas eleições fossem aceitos os votos dos eleitores dos países que ajudamos nos últimos 8 anos o PT jamais sairia do Poder!

Poderíamos ser um bloco com mais de 270 milhões de pessoas que geram mais de 5 trilhões de dólares por ano em bens e serviços; poderíamos ser, se estivéssemos juntos, uma das maiores potências econômicas moderna, mas isso se não fossemos individualistas e se não agíssemos como síndicos e vizinhos desvairados, do tipo que nem estabelece, muito menos exige; e que somente quer resolver os problemas criando milhares de outros e disseminando a intriga.

Simon Bolívar que é considerado o grande libertador da América Latina costumava dizer frases de efeito; frases que duram décadas e que muito poderiam ser utilizadas nos dias atuais das questões envolvendo o MERCOSUL e o egocentrismo de seus líderes e vizinhos: "A confiança tem de dar-nos a paz. Não basta a boa fé, é preciso mostrá-la, porque os homens sempre vêem e poucas vezes pensam.", "Compadeçamo-nos mutuamente do povo que obedece e do homem que manda só.", "Moral e luzes são nossas primeiras necessidades.", e para encerrar, reafirmo modificando, que as nações deveriam marchar para sua grandeza, mas sem esquecer de se educarem!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires é editor da página www.irregular.com.br, com inúmeras visitas e incursões em toda América Latina.

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 26/05/2011
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