Jogo do empurra empurra
Saulo, vendedor de respeitável indústria química, após receber o pedido do cliente, se equivocou na hora de passar a ordem de fabricação à produção e...
A produção, acostumada com o processo, se estivesse atenta, detectaria a falha de Saulo, no entanto, nem perceberam e...
O supervisor, por sua vez, não supervisionou o pedido e...
A diretoria ao ficar sabendo de todos os erros foi pedir explicação à Saulo que havia feito o pedido.
Saulo nada assumiu e disse a culpa ser da produção que deveria ter visto seu erro.
A produção por sua vez, fugiu a responsabilidade e colocou a culpa no supervisor.
O supervisor, afirmou que não sabia de nada e depositou a responsabilidade em Saulo.
E ficaram assim durante muito tempo, nesse jogo de empurra empurra.
Fatos assim acontecem todos os dias, nos mais diversos ângulos de ação da vida.
O colaborador que não assume seus equívocos.
Os namorados que cogitam abortar ao saberem da gravidez inesperada.
O cônjuge que deposita a culpa de sua infelicidade em ombro alheio.
O político que vincula a ineficiência de sua administração a gestões anteriores.
Essa fuga da responsabilidade muitas vezes começa a ser ensinada dentro do próprio lar, onde se convive naturalmente, desde tenra idade, com situações aparentemente inocentes, como as chamadas mentiras de conveniência.
Não raro, o pai pede a criança para dizer que ele não está em casa quando toca o telefone. Em realidade, ele está ali do lado, mentindo para escapar de uma situação que não quer vivenciar.
O pequeno, ao presenciar tal fato, acredita que é normal, coisas naturais da vida, e ao chegar na adolescência, repete o procedimento porque não vê anormalidades. São pequenas mentiras que nos livram dos aborrecimentos, raciocina o jovem.
Todavia, sem perceber, as pessoas vão se entranhando sutilmente nessa rede de mentiras e fugas. Uma mentira pequena hoje, outra um pouco maior amanhã, mais adiante um aborto para fugir a responsabilidade, e quando se vê, toda uma existência comprometida com o vicio de Nada assumir.
Com isso o comprometimento com a vida, com a responsabilidade, com a verdade, vai sendo adiado.
E a sociedade sai perdendo, confianças se deteriorando, amizades se subtraindo, casamentos se abalando...
Forçoso admitir:
Ninguém foge a responsabilidade, apenas adia seu encontro com ela.
Cedo ou tarde, de uma ou outra forma, a vida cobrará.
É quando a verdade bate a porta e sussura:
É tempo de amadurecer, rever conceitos, enfrentar situações e limitações...
Amigo (a) leitor (a), nosso crescimento como seres humanos passa indubitavelmente por assumirmos nossa condição de aprendizes da vida, almas que podem se equivocar, todavia, assumir, levantar e dar a volta por cima, eis o caminho.
Pensemos nisso!