Pentecostes
PENTECOSTES
Santo Agostinho disse, certa vez, que “os cristãos têm tanto Espírito Santo quanto amam a Igreja”. O que significa esta afirmação? Amamos a Igreja à qual pertencemos? Nós amamos a Igreja que somos! Sim, pois é impensável estabelecer juízos a respeito da Igreja sem que o Espírito Santo esteja no meio desse pensamento, pois esse mesmo Espírito fundou, preside e é “alma” da Igreja.
O que fora disperso em Babel, agora é unificado em Pentecostes. A nova humanidade se agrega na Igreja, a partir daquela inesquecível e benfazeja manhã de domingo. As línguas de fogo e o vento impetuoso, sinal da efusão do Espírito, tornam seus membros testemunhas universais da boa notícia da ressurreição. A vida venceu a morte. Definitivamente. O Espírito de Deus que antes pairava sobre o caos, agora está sobre a Igreja, manifestando-se em vista do bem comum (cf. 1Cor 12, 7), anulando toda distinção social e racial, pois todos estão batizados em um mesmo Espírito (v. 13).
A manifestação de Deus, através de seu Espírito, em Pentecostes, conforme Jesus prometera, dá como diz o poeta, “à Igreja um novo vigor”, como uma água limpa que lava, como uma fonte saborosa que mata a sede, com um refrigério que bane o calor e restaura nossas forças.
O kairós (um tempo especial) do Paráclito, segundo Jesus, traz para a Igreja uma nova dimensão, de conhecimento, memória e santidade. Quando ele chegar, “... o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele ensinará a vocês tudo e lhes trará à memória tudo quanto eu disse a vocês” (Jo 14, 26).
Incontáveis vezes, em nossas orações, temos rezado “... creio no Espírito Santo, na santa Igreja Católica...” ou, ainda, “... creio no Espírito Santo, Senhor dá a vida, ele que falou pelos profetas...”, sem nos darmos conta da profundidade e da responsabilidade que é professar nossa fé na Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ao exortar os cristãos, da Igreja nascente, à devoção ao Paráclito, São Paulo lembrava algo muito importante: “Ou não sabem que o corpo de vocês é templo do Espírito Santo, que está em vocês, que receberam de Deus, e que, portanto, vocês não se pertencem?” (1Cor 6,19).
No evangelho após a Páscoa (Jo 20, 19-23), vimos que Jesus soprou o Espírito Santo sobre os apóstolos, repetindo o sopro criacional do Pai, numa prefiguração da efusão universal do Pentecostes que aconteceria alguns dias mais tarde. Desde aí, conforme prometido, o Espírito está no meio de nós, enchendo-nos com sua luz, seus dons e seu dinamismo que não admite trevas, retrocesso e dúvidas sobre o projeto de Deus. Por isto, só temos motivos para celebrar.
Biblista e Doutor em Teologia Moral