Leitor ou máquina de ler?
A Arte da viajosidade comentando sobre leituras robóticas.
Leitor ou máquina de ler?
Por vezes tenho na mente um pensamento: estamos lendo ou sendo programados para ler? Eu, como aluno de letras estou tendo cada vez mais esse assunto na cabeça. E nas leituras. É teogonia pra um lado, é Hamlet pro outro, com doses cavalares de leituras e produções de textos formatadas através de metodologias do trabalho científico.
Sim, há leituras obrigatórias e leituras feitas por prazer. Mas, por prazer, alguns não leem tanto e tão automaticamente a ponto de devorar um livro em 1, 2, 3 dias ( dependendo do tamanho) que pode-se notar que isso acaba se tornando robótico? Considerando que sim, uma leitura robótica seria capaz de produzir uma análise sensível sobre uma obra literária? Sim, é necessário analisar criticamente, mas é necessária também a sensibilidade para compreender a obra. E aí me vem a leitura que estou fazendo: Culturas e artes do pós-humano, da Lucia Santaella. "Como assim pós-humano". Bem, é o seguinte. A "modernidade" já passou faz tempo. E o "Humano" já tá tão mecanizado que começou a ser chamado de "pós-humano". Ok, esclarecido esse detalhe, o pós-humano está dentro de uma era cibernética, onde a velocidade das coisas é absurda. De todas as coisas. Uma dessas coisas é a nossa leitura que está sendo tratada aqui. Já ouviu falar em "leitura dinâmica"? É uma técnica que para os mestres possibilita uma leitura ninja de 2000 palavras POR MINUTO (ou mais). Claro, eles não entendem um texto inteiro. Mas o que estou dizendo é que esse ritmo de leitura que deveria ser benéfico talvez não seja.
Então, diante de tanto enfoque em estruturas e velocidades, onde fica a nossa humanidade e o nosso prazer por ler? Em algum lugar. Escondido, mas está por lá. Seria interessante resgatar um pouco dessa humanidade as vezes, nos desprogramar dessa máquina às vezes, ou o pós-humano talvez vire um "desumano" completo.
Dija Darkdija