Ah, essas mulheres!
O filósofo Arthur Schopenhauer († 1860) era um misógino. Embora, ao que tudo indica, não fosse “bicha”, tinha aversão às mulheres, tal qual seu modelo, o mestre Arístocles († 347 a.C.), mais conhecido pelo apelido (Platão), que afirmava que para pensar e filosofar o homem tem que se abster da companhia feminina. Os filósofos gregos a partir dos estóicos tinham essa mania. Cada um com seus gostos.
Hoje a mulher descobriu seu espaço e assume posições de destaque e vanguarda na sociedade humana. Em certos casos, como veremos adiante, chega a exagerar. Numa noite dessas eu assistia à Zorra Total e me divertia com a bonitinha que, além de não deixar o marido falar, reclama: “Você fala demais, Aderrbaaaal!”. Pois sabem que tem gente assim? E como tem!
Se é verdade que tem homem possessivo também ocorre a incidência de mulheres que querem dominar o pedaço, sem concessões. Eu tive um colega na Caixa, hoje deve estar aposentado, que a esposa respondia tudo o que se perguntava a ele. Esta era uma típica mulher dominadora. O funcionário era ele, mas ela falava “na ‘minha’ agência...”, ou “o ‘meu subgerente’...”. Ela levava o cara num cortado sem precedentes.
Quando havia reuniões da Superintendência, ela faltava ao expediente da escola, para que ele não viajasse sozinho. Uma vez, o Superintendente, devoto de Santo Antônio, mandou imagens do santo paduano para todas as agências. Quando o santo chegou (acho até que era ela que abria o malote) a mulher viu na imagem algum feitiço, ameaça ou coisa parecida, colocando-a sumariamente no rio com orações de esconjuro.
A outra, era mulher de um médico. Com o tempo ela receitava e prescrevia tratamentos, ante o silêncio embasbacado do marido. Era curioso ver o casal discutindo condutas e medicações.
A terceira era esposa de um professor de filosofia. Como não queria deixar o belezão à mercê das alunas, a quem chamava de “devoradoras”, ela ia às aulas e sentava lá atrás, controlando. Depois de quatro anos, ela não se formou, mas assumiu ares de “filósofa de plantão”, complementando as explicações do marido e – não raro – discordando do “colega”.
A quarta é coisa nunca vista. Era a esposa do comandante de uma unidade militar. Ela chegava ao quartel e queria-porque-queria falar com o marido. Como ele andasse lá pelo interior da unidade, que era enorme, ela chamava o corneteiro e mandava tocar “reunião de oficiais”. Depois de algumas vezes, o homem, constatando que não havia ordenado o toque, desconfiava que era a mulher-mala e não aparecia, deixando a dita cuja furibunda. Ela mudou de estratégia: ao chegar ao quartel, para fazer o marido vir rapidamente ao prédio do comando, mandava tocar “chegada de oficial superior”.
A última retrata o até então desconhecido matriarcado da mulher nordestina. Eu havia comprado um buggy, e passei na casa de um colega (um gaúcho) convidando-o para dar uma volta. Depois de alguns giros ele sugeriu: “vamos pegar o Arimatéia?”. O colega estava na frente de casa e foi logo embarcando. Da sacada a mulher viu o bundalelê armado lá embaixo e gritou: “Meu filho, você vai não!”. E ele “foi não”.