INCENTIVO DE QUEM?

Todos sabem que o futebol movimenta uma fábula invejável de dinheiro. Isso porque não há esporte que tenha mais espaço na mídia que estimula paixões e interesses. Todos os brasileiros têm seu time de coração. Quando encontramos alguém que afirma não “torcer” por time algum, o olhamos com desconfiança, acreditando que ele apenas não quer ser sabatinado com o nome de jogadores, pontuação do time no campeonato e outras informações que o bom torcedor tem na ponta da língua.

Isso nos remete ao querido estado do Amazonas. Há quem afirme, e poucos se atrevem a contestar, que no Amazonas, respeitadas as proporções, há mais torcedores do Flamengo que no próprio Rio de Janeiro. Quando se pergunta a um torcedor por que ele não o faz por um time local, a resposta quase sempre é a mesma: Os times locais não têm incentivos.

É comum se ouvir frases do tipo: “Cultura local não tem incentivo”, “Ninguém valoriza o artista da terra” e coisas do tipo. O mesmo artista que se sente minimizado em sua terra também não torce para times locais. È uma característica cultural difícil de ser quebrada. Parece que o amazonense sente prazer em ficar em segundo lugar em comparação com o que vem de fora.

A cidade de Manaus, desde a “Belle Époque” (olha ai outra imitação) gosta de ser chamada de “Paris dos Trópicos”; O amazonense fala com certo orgulho que o pirarucu é o “bacalhau do Amazonas”. Peixe de sabor inigualável, anos luz à frente de qualquer outro é rebaixado à categoria de bacalhau e nós aplaudimos. Manaus tem belezas naturais de fazer inveja à qualquer outro local no mundo e aceitamos ser comparados a Paris e nos sentimos bem com isso.

Talvez um milhão de amazonenses compre camiseta ou bandeira de time de futebol de outros estados, consciente ou não de estar contribuindo com royalties para o clube. É um dinheiro grosso que poderia ser investido no esporte local sem necessidade do paternalismo do governo. Ficamos empolgados com a vibração da torcida num distante Gre-Nal sem jamais pensarmos em imitar manifestações como aquelas em nosso estado. Muito pelo contrário: Um Fla-flu ou um jogo do Vasco da Gama x São Paulo é capaz de parar Manaus, enquanto a maioria de seus habitantes nem toma conhecimento da final do campeonato de seu próprio estado.

Como podemos exigir apoio se não damos apoio algum?

Como podemos esperar a valorização da “prata da casa” se apenas valorizamos os pontos negativos de nossa própria cidade?

A FIFA está aí para confirmar que há muito a “paixão nacional” também está presente em mais duzentos países. Os investimentos públicos no estádio Vivaldo Lima causam inveja a muitos outros estados brasileiros, porém nós não vemos nisso um grande incentivo ao esporte local.

Que tal fazermos nossa parte?

Luiz Lauschner – Escritor e empresário

lauschneram@hotmail.com

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 12/05/2011
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