MEUS SAPATOS BRANCOS
<><><> Quando trabalhava no ex-IAPI, depois INPS, em Niterói, aconteceu, um dia, eu me arrumar toda, com um vestido cor-de-rosa e um par de sapatos brancos, branquíssimos que me chamou a atenção numa loja, pelo seu laçarote sobre o peito do pé, parecia que me atraía para que eu o comprasse. Foi o que fiz. O sapato era barato, não custou mais do que Cr$ 9.000 (cruzeiros) que seria como R$ 9,00 (nove reais, naquele tempo). Com uma bolsa branca, combinando com o par de sapatos, lá fui eu para o trabalho. <><><> Quando ia caminhando pela Rua da Assembléia, em direção às barcas, senti alguma coisa no meu pé, olhei mas nada vi de anormal. <><><> Outra vez, senti como algo batendo no sapato, Olhei e vi que estava sujo de um lado... Como podia ser? Ele era novinho e estava limpíssimo quando eu o calcei e saltei do ônibus. Notei que havia um homem magro com um jornal embrulhado num dos braços que atravessou a rua mais ou menos perto de mim.. .Ele se aproximou e me falou, sempre andando: - O seu sapato está sujo, se quiser eu posso levar para um amigo que está logo alí, para limpar... Eu disse que não precisava, mas ele disse: O outro par também está sujo, Parece até que ele tinha uma reza, que eu acabei indo atrás dele, que entrou num prédio, na R. da Assembléia, se não me engano foi n-ro 30 ou 32. Pediu para eu tirar os sapatos que ele ia levar no andar de cima para limpar. Fiquei na escada esperando, quando ele desceu, dizendo; Aguarde que vai ficar pronto já, já... e saiu do prédio, rapidamente, eu tentei ir atrás dele, mas o zelador, fechou a porta dizendo:- Ninguém mais sai daqui, Aconteceu com a senhora também, hein? Roubou seus sapatos! - Eu gritei para o zelador ou porteiro,sei lá? -- Mas agora é que ele fugiu! Eu ia atrás dele, porque o senhor fechou a porta? Ele disse que já havia acontecido outros casos desse lá... Eu, subi as escadas num pulo e fui direto a um escritório,pedi uma das moças se podia ir na rua para comprar uma sandália ou um chinelo para mim... ela nem se incomodou, Desconfiada, lembrei também que um garoto meio sarará, sempre atravessava a rua ao mesmo tempo que eu. Pensei, "o cara deve ter jogado o sapato na lixeira para alguém pegar." Não deu outra. O garoto estava limpando a lixeira, ou fingindo limpar. Perguntei-lhe diversas vezes pelo meu sapato, ele não respondeu, aí, com raiva, eu gritei: -- Eu vou dar parte à polícia, vocês vão ver! Tenho certeza que os sapatos foram jogados aqui. Desci as escadas, aborrecida, e fui para a rua, onde juntaram várias pessoas, e um senhor ainda disse: -- Ainda há gente que cai no conto do vigário! e riu, eu mandei ele ir para o raio -que- o -parta e, descalça (ainda bem que estava de meias) fui até a uma sapataria da esquina e comprei um sapato meio cinza, apertado demais que me deixou com bolhas nos pés e fui pegar a barca para Niterói. Lá chegando no na Tesouraria, onde trabalhava, contei o caso. A Dedé, minha chefe, rindo muito disse: Você, carioca, caindo no conto do vigário, essa não. Ainda dizem que carioca é mais esperto que a gente! e todos riram. Fiquei com raiva e disse: -- Vou embora prá casa, mas vou dar parte à polícia, o que fez que um colega, espírita vir com uma bobagem: Isso é vingança, não devemos vingar das pessoas, devemos perdoar: -- Eu pensei... não foi com ele que aconteceu o vexame.
<><><> A minha chefe até me disse que eu não deveria trabalhar nesse dia.
E deixou eu voltar para casa. Antes, passei no Jornal do Brasil, e falei com um senhor claro, de olhos azuis, da Seção de Utilidades Publicas, contei o caso, enquanto o datilógrafo registrava tudo.
Disse a ele desde o início, dei o tipo do homem, falei do garoto, que eu já tinha desconfiado, atravessando sempre as ruas ao mesmo tempo, falei do jornal que o homem carregava, dei o número do prédio, a rua e tudo que me lembrei... <><><> Voltando para casa ainda aborrecida por ter perdido meus lindos sapatos brancos com um grande laçarote em cima, também branco. Fim da semana fui à Valença, minha mãe estava lá e contei-lhe o caso. Ela riu e disse: - Eu ouvi no programa de rádio, o Raul Longras contando esse caso, dizendo: -Cuidado, moças, com o homem que rouba sapatos brancos! --- Ele queria a minha bolsa, também que ele sujou não sei como, eu,já desconfiada, não dei. Mas alertei um bocado de gente sobre isso. Dias depois, soube que ele foi preso. Saiu nos jornais.
<><><> Em Niterói o colegas ficaram surpresos, E também o zelador do prédio em que moro... Veio com essa história de que não se deve pagar o mal com o mal... Essas baboseiras... Então devemos deixar os ladrões à solta? Ora essa!
<><><> Quando trabalhava no ex-IAPI, depois INPS, em Niterói, aconteceu, um dia, eu me arrumar toda, com um vestido cor-de-rosa e um par de sapatos brancos, branquíssimos que me chamou a atenção numa loja, pelo seu laçarote sobre o peito do pé, parecia que me atraía para que eu o comprasse. Foi o que fiz. O sapato era barato, não custou mais do que Cr$ 9.000 (cruzeiros) que seria como R$ 9,00 (nove reais, naquele tempo). Com uma bolsa branca, combinando com o par de sapatos, lá fui eu para o trabalho. <><><> Quando ia caminhando pela Rua da Assembléia, em direção às barcas, senti alguma coisa no meu pé, olhei mas nada vi de anormal. <><><> Outra vez, senti como algo batendo no sapato, Olhei e vi que estava sujo de um lado... Como podia ser? Ele era novinho e estava limpíssimo quando eu o calcei e saltei do ônibus. Notei que havia um homem magro com um jornal embrulhado num dos braços que atravessou a rua mais ou menos perto de mim.. .Ele se aproximou e me falou, sempre andando: - O seu sapato está sujo, se quiser eu posso levar para um amigo que está logo alí, para limpar... Eu disse que não precisava, mas ele disse: O outro par também está sujo, Parece até que ele tinha uma reza, que eu acabei indo atrás dele, que entrou num prédio, na R. da Assembléia, se não me engano foi n-ro 30 ou 32. Pediu para eu tirar os sapatos que ele ia levar no andar de cima para limpar. Fiquei na escada esperando, quando ele desceu, dizendo; Aguarde que vai ficar pronto já, já... e saiu do prédio, rapidamente, eu tentei ir atrás dele, mas o zelador, fechou a porta dizendo:- Ninguém mais sai daqui, Aconteceu com a senhora também, hein? Roubou seus sapatos! - Eu gritei para o zelador ou porteiro,sei lá? -- Mas agora é que ele fugiu! Eu ia atrás dele, porque o senhor fechou a porta? Ele disse que já havia acontecido outros casos desse lá... Eu, subi as escadas num pulo e fui direto a um escritório,pedi uma das moças se podia ir na rua para comprar uma sandália ou um chinelo para mim... ela nem se incomodou, Desconfiada, lembrei também que um garoto meio sarará, sempre atravessava a rua ao mesmo tempo que eu. Pensei, "o cara deve ter jogado o sapato na lixeira para alguém pegar." Não deu outra. O garoto estava limpando a lixeira, ou fingindo limpar. Perguntei-lhe diversas vezes pelo meu sapato, ele não respondeu, aí, com raiva, eu gritei: -- Eu vou dar parte à polícia, vocês vão ver! Tenho certeza que os sapatos foram jogados aqui. Desci as escadas, aborrecida, e fui para a rua, onde juntaram várias pessoas, e um senhor ainda disse: -- Ainda há gente que cai no conto do vigário! e riu, eu mandei ele ir para o raio -que- o -parta e, descalça (ainda bem que estava de meias) fui até a uma sapataria da esquina e comprei um sapato meio cinza, apertado demais que me deixou com bolhas nos pés e fui pegar a barca para Niterói. Lá chegando no na Tesouraria, onde trabalhava, contei o caso. A Dedé, minha chefe, rindo muito disse: Você, carioca, caindo no conto do vigário, essa não. Ainda dizem que carioca é mais esperto que a gente! e todos riram. Fiquei com raiva e disse: -- Vou embora prá casa, mas vou dar parte à polícia, o que fez que um colega, espírita vir com uma bobagem: Isso é vingança, não devemos vingar das pessoas, devemos perdoar: -- Eu pensei... não foi com ele que aconteceu o vexame.
<><><> A minha chefe até me disse que eu não deveria trabalhar nesse dia.
E deixou eu voltar para casa. Antes, passei no Jornal do Brasil, e falei com um senhor claro, de olhos azuis, da Seção de Utilidades Publicas, contei o caso, enquanto o datilógrafo registrava tudo.
Disse a ele desde o início, dei o tipo do homem, falei do garoto, que eu já tinha desconfiado, atravessando sempre as ruas ao mesmo tempo, falei do jornal que o homem carregava, dei o número do prédio, a rua e tudo que me lembrei... <><><> Voltando para casa ainda aborrecida por ter perdido meus lindos sapatos brancos com um grande laçarote em cima, também branco. Fim da semana fui à Valença, minha mãe estava lá e contei-lhe o caso. Ela riu e disse: - Eu ouvi no programa de rádio, o Raul Longras contando esse caso, dizendo: -Cuidado, moças, com o homem que rouba sapatos brancos! --- Ele queria a minha bolsa, também que ele sujou não sei como, eu,já desconfiada, não dei. Mas alertei um bocado de gente sobre isso. Dias depois, soube que ele foi preso. Saiu nos jornais.
<><><> Em Niterói o colegas ficaram surpresos, E também o zelador do prédio em que moro... Veio com essa história de que não se deve pagar o mal com o mal... Essas baboseiras... Então devemos deixar os ladrões à solta? Ora essa!