MORRE MADRE MAURINA (Torturada no Regime Militar)
"Morreu, aos 84 anos, a madre franciscana Maurina Borges da Silveira, presa, torturada e banida do país em 1970. Segundo Frei Betto, ela pode ser considerada "uma das mártires (e inocente) da ditadura militar de 1964.”
Madre Franciscana Maurina Borges da Silveira foi presa em outubro de 1969, acusada de participar do grupo guerrilheiro FALN (Forças Armadas de Libertação Nacional). As suspeitas basearam-se por ser ela, Diretora do orfanato Lar Santana, em Ribeirão Preto - SP e ter permitido que Mário Lorenzato fizesse reuniões de estudantes em sua Instituição Religiosa. Como se isto não bastasse, uma das guerrilheiras Áurea Moretti , usava um hábito de freira quando foi presa. Devido a isto, a polícia desconfiou que a madre fosse do grupo e efetuou as prisões.
Junto com Maurina foram presos dezenas de militantes. A OBAN (Operações Bandeirantes), braço forte da repressão chefiada pelo temido Delegado Sergio Paranhos Fleury, foi para Ribeirão Preto investigar o caso.
Presa e torturada em uma delegacia, despiram-na, deram-lhe choques e foi pendurada no pau-de arara, e o pior para uma religiosa, passou por xingamentos, injúrias, ofensas e gritos, isto durou cinco dias de forma ininterrupta.
Trocada pelo Embaixador Japonês que havia sido sequestrado, embarcou para o México a bordo de um avião fretado e durante o voo era com as algemas que limpava o suor que escorria por seu rosto. Reclamou muito com os companheiros de viagem pelo tratamento verbal recebido. Dizia e repetia “ O que mais lhe doía eram as blasfêmias e os palavrões “, conta Mario Japa um dos homens que comandou o sequestro do Cônsul Japonês e um dos líderes da temida Vanguarda Popular Revolucionaria (VPR).
Voltando do exílio, a “freira subversiva” seguiu cuidando de seu rebanho na cidade paulista de Catanduva. Cabelos brancos, olhos azuis e um crucifixo no peito, levava uma vida interiorana enquanto conseguia compensar os problemas de saúde.
Quando perguntada a respeito do acontecido, respondia: “Não gosto de falar disto, já perdoei a todos”. Houve muita injustiça. Uma das piores na visão da madre, foi a informação que circula até hoje, que teria sido estuprada por um torturador e embarcado grávida para o México. "Essa foi uma das grandes mentiras ditas a meu respeito”, afirmava.
É um desses casos que o silêncio em torno da realidade ganha importância diante da História. Foi criada uma aura de suspense que ninguém esclarece, pois os abusos sexuais eram comuns nos porões da Ditadura.
Maurina contava, que a imprensa publicou que ela teria tido um filho de um militar. Outros disseram que fizera um aborto. Ela leria esta notícia no México. " Isso abalara muito seu coração, causando grande depressão. Depois entregara tudo a Deus. O frade dominicano Manoel Borges da Silveira , irmão de Maurina afirma: “Não houve estupro”.
A história de Madre Maurina serviu como exemplo e estímulo para o início da militância de muitas pessoas, entre elas Dom Paulo Evaristo Arns.
Com Alzheimer há alguns anos, Maurina vivia em Araraquara, sua terra natal, sob os cuidados de irmãs franciscanas. Morreu sábado dia 5 de março aos 86 anos no Convento, de falência múltiplas dos órgãos . Foi sepultada no cemitério São Bento.
Disse D. Angélico Sandro Bernardino, Bispo Emérito (aposentado) de Blumenau – SC, na época, Padre em Ribeirão Preto, onde dirigia o jornal Diário de Notícias:
“Madre Maurina foi uma grande vítima da Ditadura Militar, porque não tinha nenhuma participação política e jamais participou de organização que pregava a luta armada”.
"Morreu, aos 84 anos, a madre franciscana Maurina Borges da Silveira, presa, torturada e banida do país em 1970. Segundo Frei Betto, ela pode ser considerada "uma das mártires (e inocente) da ditadura militar de 1964.”
Madre Franciscana Maurina Borges da Silveira foi presa em outubro de 1969, acusada de participar do grupo guerrilheiro FALN (Forças Armadas de Libertação Nacional). As suspeitas basearam-se por ser ela, Diretora do orfanato Lar Santana, em Ribeirão Preto - SP e ter permitido que Mário Lorenzato fizesse reuniões de estudantes em sua Instituição Religiosa. Como se isto não bastasse, uma das guerrilheiras Áurea Moretti , usava um hábito de freira quando foi presa. Devido a isto, a polícia desconfiou que a madre fosse do grupo e efetuou as prisões.
Junto com Maurina foram presos dezenas de militantes. A OBAN (Operações Bandeirantes), braço forte da repressão chefiada pelo temido Delegado Sergio Paranhos Fleury, foi para Ribeirão Preto investigar o caso.
Presa e torturada em uma delegacia, despiram-na, deram-lhe choques e foi pendurada no pau-de arara, e o pior para uma religiosa, passou por xingamentos, injúrias, ofensas e gritos, isto durou cinco dias de forma ininterrupta.
Trocada pelo Embaixador Japonês que havia sido sequestrado, embarcou para o México a bordo de um avião fretado e durante o voo era com as algemas que limpava o suor que escorria por seu rosto. Reclamou muito com os companheiros de viagem pelo tratamento verbal recebido. Dizia e repetia “ O que mais lhe doía eram as blasfêmias e os palavrões “, conta Mario Japa um dos homens que comandou o sequestro do Cônsul Japonês e um dos líderes da temida Vanguarda Popular Revolucionaria (VPR).
Voltando do exílio, a “freira subversiva” seguiu cuidando de seu rebanho na cidade paulista de Catanduva. Cabelos brancos, olhos azuis e um crucifixo no peito, levava uma vida interiorana enquanto conseguia compensar os problemas de saúde.
Quando perguntada a respeito do acontecido, respondia: “Não gosto de falar disto, já perdoei a todos”. Houve muita injustiça. Uma das piores na visão da madre, foi a informação que circula até hoje, que teria sido estuprada por um torturador e embarcado grávida para o México. "Essa foi uma das grandes mentiras ditas a meu respeito”, afirmava.
É um desses casos que o silêncio em torno da realidade ganha importância diante da História. Foi criada uma aura de suspense que ninguém esclarece, pois os abusos sexuais eram comuns nos porões da Ditadura.
Maurina contava, que a imprensa publicou que ela teria tido um filho de um militar. Outros disseram que fizera um aborto. Ela leria esta notícia no México. " Isso abalara muito seu coração, causando grande depressão. Depois entregara tudo a Deus. O frade dominicano Manoel Borges da Silveira , irmão de Maurina afirma: “Não houve estupro”.
A história de Madre Maurina serviu como exemplo e estímulo para o início da militância de muitas pessoas, entre elas Dom Paulo Evaristo Arns.
Com Alzheimer há alguns anos, Maurina vivia em Araraquara, sua terra natal, sob os cuidados de irmãs franciscanas. Morreu sábado dia 5 de março aos 86 anos no Convento, de falência múltiplas dos órgãos . Foi sepultada no cemitério São Bento.
Disse D. Angélico Sandro Bernardino, Bispo Emérito (aposentado) de Blumenau – SC, na época, Padre em Ribeirão Preto, onde dirigia o jornal Diário de Notícias:
“Madre Maurina foi uma grande vítima da Ditadura Militar, porque não tinha nenhuma participação política e jamais participou de organização que pregava a luta armada”.