Indignos

PALAVRAS DE VIDA

Pastor Serafim Isidoro.

INDÍGNOS

"Hoje entrou salvação nesta casa, pois este também é um filho de Abrão" – Lc. 19.9.

O nome Zaqueu, forma grega do hebraico Zakkai que significa "puro", contrasta com a realidade do cargo que aquele homem de pequena estatura veio a desempenhar. É cobrador de impostos para o governo romano, em detrimento de seus compatriotas judeus, naturalmente repelido por eles e considerado um traidor da nação. Escória da sociedade, não poderia participar das reuniões da sinagoga onde orações, leitura das escrituras e considerações religiosas eram feitas.

Jesus, o Senhor, faz um convite determinante a esse personagem, nos termos: "Hoje me convém pousar em tua casa". E, maravilha de fato, ao adentrar aquela residência, o Mestre declara a todos que a salvação naquele dia penetrava naquele lar. O verbo Greco-koinê "sozô" traduzido como salvar é neste texto empregado como substantivo "sôtêria" salvação, termo que significa: libertação, livramento, preservação. Teologicamente o Senhor estava assim declarando que aquele desprezado homem, puro no nome, pequeno em estatura e de cargo não muito digno, alcançara o dom de Deus que é a vida eterna expressa Nele mesmo, Jesus.

É do apostolo dos gentios, Paulo, a declaração: "Quão insondáveis são os Seus caminhos" – os caminhos de Deus. O julgamento humano, nossa racionalização não conseguirá nunca entender os porquês da divindade. Assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os nossos caminhos e os pensamentos Dele. Na vontade divina há nuances que nos seriam incompreensíveis. Ao nosso escrutínio as pessoas distintas, corretas, justas, piedosas é que mereceriam a salvação. Zaqueu, não.

Desde Abraão Deus escolhera um povo dentre as demais nações para ser o Seu povo especial, zeloso e de boas obras. Para o israelita a justiça é fator primordial no relacionamento com a divindade. Mas Zaqueu não parecia ser justo, traindo o seu povo. A misericórdia triunfa do juízo. Este termo, entretanto, parece estranho ao julgamento farisaico. A antiga Pena de Talião do zoroastrismo, olho por olho e dente por dente, perde em Jesus a sua razão de Ser. O Mestre é compassivo, misericordioso. Senão nenhuma alma se salvaria. Ninguém pode atirar a primeira pedra. Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.

O Messias veio para o que era Seu. Veio para os judeus. Disse que os sãos não necessitam de médico. Compadece-se dos que sofrem. É amigo de publicanos: Mateus, Zaqueu. Come com pecadores. Hospeda-se em casa de excluídos da sinagoga. Perdoa mulher adúltera. Acolhe crianças. Atua no sábado e declara salvação a esse filho de Abrão. Interpreta a Lei de Deus de maneira correta no seu espírito, porém estranha quanto a sua letra tão preservada pelos religiosos do Seu tempo.

Jesus faz a diferença. Nele a justiça e a misericórdia se irmanam. O coração é maior do que a cabeça. A lógica humana é contradita para dar lugar à sabedoria de Deus. Os pobres, os humildes de espírito, os que sofrem, os que são desprezados recebem Nele e através Dele, a compaixão de Deus.

Só Jesus.

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O Pr. Th. D. Honoris Teologia, D. D. Serafim Isidoro oferece seus livros, apostilas e aulas do grego koinê: serafimprdr@ig.com.br

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