Acredite. A imprensa está se fartando com a morte dos pequenos
O assassinato das crianças
mata a fome da imprensa
que não esconde a sua
alegria com a tragédia
WALQUER CARNEIRO
Dentre tantas tragédias na onda de violência que assola o mundo o que mais me abala são aquelas que acontecem de forma premeditada, pensada e com o fito apenas de fazer o mal. O drama de Realengo pegou todo o Brasil de surpresa causando certo constrangimento calado nas pessoas que acompanharam o acontecido de longe, e uma enorme excitação nas pessoas que vivenciaram o macabro fato de perto.
Eu fiquei estarrecido com as mensagens que consegui desvendar nas entrelinhas dos noticiários e comentários dos especialistas que dão seus pitacos tentando entender a atitude do rapaz que intentou contra as crianças. A mensagem é quase imperceptível e diz mais ao menos o seguinte: O Brasil agora faz parte dos países onde os esquizofrênicos realizam atos dignos dos loucos do primeiro mundo.
Outro fato que me preocupa é que a imprensa cobre o acontecimento com uma preciosidade didática, como quem quer ensinar para todas as pessoas, passo a passo, como é que um louco que esteja assistindo a TV, lendo o jornal, ou navegando na internet possa reproduzir aquela mesma ação. É como se fosse assim: “Como praticar uma chacinas em dez lições”.
E a minha preocupação não é apenas fruto de uma provável paranóia, porque de acordo com levantamento oficiais em cada grupo de 25 pessoas no mundo, uma sofre de esquizofrenia, e dessas cerca de 2% sofre de alucinações e mania de perseguição, e outros tantos estão vendo a reprodução didática da tragédia nos meios de comunicação.