Uns fazem planos, outros precisam da dor para despertar, e, outros ainda nem reclamar podem!
Recebi da amiga Olinda Maria dos Santos, texto que relata a história de Thaise, uma garota que não possui mãos e pernas. Ficou assim após uma meningite de tipo raro.
Em Thaise nada de revolta, e sim, muitos planos para o futuro. Thaise sonha em ser atriz.
Ao receber o texto de Olinda, automaticamente veio-me a mente a história de meu amigo Ricardo.
Ricardo, rapaz belo, forte, inteligente, saudável, os pais lhe devotavam grande carinho, enfim, tinha tudo que alguém poderia desejar, porém, debatia-se em constantes lutas íntimas. Não foram poucas as vezes em que disse claramente que tinha vontade de se suicidar. O motivo: Considerava-se injustiçado pela vida, para ele , o menor dos problemas transformava-se em mar de lamúrias.
Bem, Ricardo só foi despertar desse pesadelo de reclamações após sofrer grave acidente automobilístico que lhe fez perder uma perna. Hoje, passados 5 anos do acontecido, Ricardo sabe que resmungava sem razões , e, nem pensa mais na hipótese de suicídio. Aprendeu a custa da dor que a vida é preciosa demais para perdemos tempo com lamúrias infrutíferas.
As vezes fico pensando: Somos muito mimados, não raro, sequer agradecemos as dádivas que recebemos dos Céus. Temos saúde, amigos, familiares, porém, perdemo-nos em labirinto de reclamações.
Nos chateamos por pouco, nos melindramos por quase nada...
Ah, este texto que Olinda enviou fez-me ainda lembrar de uma de minhas tias – a irmã mais velha de minha mãe - , mãe e esposa amorosa, no dia 11 de Julho de 1986 teve um AVC (Acidente Vasculhar Cerebral), e desde então – mais de 20 anos - , encontra-se prostrada em uma cama.
Não fala, não anda, mexe apenas os olhos... Fica ela sob a tutela de seu filho Fábio, criatura que desvela terno e sincero amor à mãe. Veja leitor amigo (a) ,os papeis foram trocados. Ele – Fábio - , troca-lhe as fraudas, da-lhe papinhas e gentilmente a beija na face. Fábio não se casou, preferiu dedicar sua vida para cuidar da mãe, ele não reclama, não blasfema, não condena a Providência Divina, apenas segue firme e confiante de que essa situação é transitória.
Minha tia... Bem, minha tia também não pode reclamar, pela mais obvia razão: Ela não pode falar há 20 anos.
Então amigo (a) leitor (a), impossível deixar de refletir: Uns com quase nada fazem planos, outros necessitam da dor para despertar, e, outros ainda sequer podem reclamar por lhes faltar condições para isso.
Interessante pensar com carinho nessas três histórias de vida.
Pensemos nisso!