Aborto e uma reflexão espiritual

     Estava ontem a assistir a missa dominical num bacarracão improvisado, havia mais ou menos umas cem pessoas. Como sempre vem algum pensamento na mente, veio o tema aborto. Meus olhos corriam para os olhares dos fieis e o pensamento das pessoas me questionando qual verdadeiro sentido daquele ritual para os cristãos. 

     Citei estar numa missa, pensando nos católicos, mas também veio em mente a quantidade de evangélicos que existentes em nosso país e espalhados pelo mundo que tem como centro Jesus. Pensei também nos espíritas. Enfim, meu pensamento se estendeu a todos que são espirituais e, não tenho duvida que todas as religiões e espiritualidades são a favor da vida Pois, a vida é o maior Dom que uma pessoa possa receber.

     Jesus diz que Deus é o Deus dos vivos e não dos mortos em um de seus ensinamentos. Nesta palavra já posiciona o pensamento de Deus em relação ao Aborto. Mas voltei meu pensamento em sua mãe Maria, como a bíblia narra a anunciação de sua gravidez. Uma jovem que segundo a tradição deveria ter entre  13 e 16 anos, virgem – evidentemente solteira – que tinha um noivo. 

     Hoje em pleno século XXI, dizemos que a mulher ainda é discriminada aqui no ocidente. Como a mulher deveria ser discriminada no tempo de Jesus no oriente? O que será que a mulher representava para a sociedade naquele tempo? Se pudermos refletir estas duas perguntas poderemos chegar ao estado emocional de Maria, grávida frente a sociedade de sua época. No entanto, ela encontrou num homem a força, a segurança, o amparo mesmo que ele não conseguisse entender o que estava ocorrendo. Mesmo os dois passando por todos os abalos emocionais, todas as duvidas nem ela decidiu escondida praticar o aborto, nem ele obrigou ou aconselhou que abortasse aquela criança. Jesus foi o fruto de uma grande decisão de uma jovem indefesa e de um homem justo como Jose. Jesus foi fruto de uma difícil, mas serena escolha. 

     Pois bem, quais são os motivos hoje das mulheres buscarem o aborto para resolverem problemas? Um deles é a irresponsabilidade dos parceiros. Muitas vezes, a moça namora uma pessoa por anos e quando se engravida, o parceiro para não assumir responsabilidades incentiva, ameaça a namorada a praticar o aborto, dando o dinheiro, acompanhando todo o processo. Outras vezes, a moça tem um comportamento sexual de prosmicuidade, tendo relações com vários parceiros sem se prevenir, de repente se engravida e por não ter um parceiro estável, por ter sido uma gravidez irresponsável aborta. Há também a questão da família. 

     A maioria dos abortos decorre por estes três fatores incentivo dos parceiros, promiscuidade e medo da reação familiar. Na verdade, se analisamos veremos que em suma o aborto em sua maior parte acontece pela mulher se sentir sozinha, pela falta de um amigo, pela falta de acolhimento.

     Retorno às reflexões espirituais. Se reunimos num local para celebrar a vida, para unirmos o céu a terra numa missa, num culto, onde for tenho a mais plena certeza que estamos ali porque acreditamos na vida; porque somos favoráveis a vida. Deste modo, quanto mais em nossas ações concretas procuramos viver este dom (Vida) mais poderemos ser esta presença de força, de vida para aquelas que por um motivo ou outro engravida, necessitando de nossa presença a fim de que também possa dar vida a este novo Ser, que não pediu para nascer, mas que depois de concebido tem o direito a este Dom precioso.
Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 13/11/2006
Reeditado em 13/11/2006
Código do texto: T289889