Jornalismo sem duelo

Depois de ler um texto dedicado ao dia do jornalista, onde a autora fala, entre outras coisas, que a geração dos jornalistas formados na atualidade, adquirem rapidamente (status de blogueiro famoso), e com isso tratam a notícia como um acréscimo à sua opinião pessoal. Fiquei com vontade de escrever um artigo sobre este assunto, pois ele faz parte do meu mundo pessoal e profissional.

Eu que tenho formação nesta área, fui cursar jornalismo por ter um gosto enorme pela escrita, por que está no meu DNA, e não tenho a menor intenção em mudar isso, pois escrever me dá um grande barato! Costumo dizer, sem exagero, que é parecido com prazer sexual. Quem tem a satisfação de trabalhar naquilo que gosta, de unir o gosto pessoal com a vida profissional, o que algumas pessoas chamam de dom ou talento nato, sabe o que eu quero dizer.

Cheguei a cursar 2 anos e meio de direito e abandonei o curso com a certeza de que a área jurídica não tem nada a ver comigo, e sinceramente, não me arrependo. No fundo, na alma, eu sempre soube que a minha vida estava entrelaçada com a escrita, com as palavras, com a linguagem, (na expressão do pensamento pela palavra).

Bem o texto, discorre sobre esta mudança, que de certa forma tira o jornalista do papel de investigador e redator da notícia e o coloca como o personagem que a vive. A autora do texto pondera, que o blog como mídia leva essa categoria, inexoravelmente, ao jornalismo gonzo, que segundo a wikipedia: é por muitos nem considerado uma forma de jornalismo, devido à total parcialidade, falta de objetividade e pela não seriedade com que a notícia é tratada, fugindo a todas as regras básicas do jornalismo. O estilo vigora até os dias de hoje e ganha maior número de adeptos entre jovens, que se interessam pela narrativa literária de vivências e descobertas pessoais em situações extremas ou de transgressão. Se o jornalismo gonzo é ou não um modelo jornalístico, se é subjetivo demais ou se não é digno de crédito, são questões que permeiam o ambiente acadêmico. O originador do estilo foi o jornalista norte-americano Hunter S. Thompson. O termo foi cunhado por Bill Cardoso, repórter do Boston Sunday Globe, para se referir a um artigo de Thompson. Segundo Cardoso, “gonzo” seria uma gíria irlandesa do sul de Boston para designar o último homem de pé após uma maratona de bebedeira.

É fato que os meios de comunicação em jornalismo são variados, mas são também extremamente fechados e exigentes. Cheio de panelinhas, de regras e políticas próprias. Nessas mídias, você não faz o que quer, nem diz o que pensa. Aliás, empregador nenhum tem muito interesse em saber o que você pensa, e mais, você não é pago para pensar por si mesmo, e sim para pensar por ele e para ele - patrão - a favor de seus interesses comerciais e financeiros. Essa coisa de dizer o que se pensa, você faz entre os seus, amigos, afins, ou no seu próprio blog - se tiver um.

Além disso, para fazer parte de um veículo de comunicação de categoria +, você tem que estar muito bem preparado. Tem que ter conhecimento, experiência, pelo menos outra língua fluente (inglês, espanhol, japones...). Tem que ter talento, sorte, ou indicação (o popular QI), e tem que se manter em movimento, ligado em tudo o que acontece neste meio e ao redor. Por que esse segmento não pára, ele é muito dinâmico...

Então, não pense que é fácil, e talvez por isso, cada vez mais pessoas descubram outras fontes ou formas de exercer a profissão. Seja via blog, unindo-se a pessoas da área, desenvolvendo seu próprio negócio (com empreendedorismo), ariscando montar algo que justifique e alimente sua realização pessoal e profissional, e também por retorno financeiro, por que ninguém vive só de prazer, todo mundo precisa se auto-sustentar, pagar contas, se alimentar, todos temos nossas responsabilidades.

Enfim, se tiver que fazer, faça jornalismo 'sem duelo'. Afinal, mídias alternativas estão ai, o mundo virtual cibernético e eletrônico, aumenta em variedade diariamente e quem tiver capacidade e competência para produzir conteúdo jornalístico de qualidade que o faça! Crie seu blog, divulgue suas idéias, opiniões, interesses etc.

Aliás, atualmente quem não abre leques, quem não se movimenta para ampliar possibilidades de atuação, quem não motiva a si mesmo, dificilmente tem chance de experimentar novas oportunidades, em qualquer área da vida. Não existe essa de fazer só uma coisa e nada mais. Quem pensa assim fica do lado de fora!

*A autora do texto mencionado é (Sam Shiraishi)

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 08/04/2011
Reeditado em 11/04/2011
Código do texto: T2896816