MASSACRE DO RIO DE JANEIRO – QUEM SÃO OS VERDADEIROS CULPADOS?

Estamos perplexos. Estamos petrificados, todos os humanos que, neste dia 07 de abril de 2011, assistiram perplexos à bestialidade cometida por um rapaz de 24 anos de idade que, munido de armas de fogo e total insanidade, às 8 horas da manhã, invadiu uma escola (onde ele mesmo estudara anos antes) e disparou contra crianças, com a intenção de matá-las. Até o momento em que escrevi este artigo, pelo menos 11 crianças estavam mortas, mas havia ainda pelo menos 13 feridos.

O que se passou na mente doentia do atirador, ainda será melhor esclarecido pela ciência, única autoridade capaz de explicar esse fenômeno e, até aqui, incapaz de prevenir tais desgraças. O Brasil, o Rio de Janeiro agora entram na lista das cidades e países vitimados pelos franco-atiradores. O demente não atirou apenas em 23 crianças, ele atirou em todos nós. Poderiam ter sido nossos filhos, filhos dos nossos amigos ou nós mesmos. Quem serão as próximas vítimas? Quem serão os próximos matadores? Infelizmente eles estão convivendo conosco neste exato momento ou seremos nós mesmos. O certo é que não sabemos.

Não fosse a ação eficaz de um PM que deteve o atirador, seriam centenas de mortos. O psicopata queria matar a todas as crianças que encontrasse pelo caminho. Seus alvos prediletos eram crianças e adolescentes. Ele deixou os adultos viverem. Por quê? Por que queria puni-los com o sofrimento?

Diante de um ato de selvageria como esse surgem incontáveis perguntas para as quais talvez não haja resposta. Pode ser que tais respostas estejam na carta que o assassino deixou:

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"Eterna, eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa, existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de animais abandonados, eu quero que esse espaço aonde eu passei meus últimos meses seja doado a uma destas instituições pois os animais são seres muito desprezados e precisam muito mais do que proteção e carinho do que os seres humanos que possuem a vantagem de poder se comunicar, trabalhar para se sustentar, os animais não podem pedir comida ou trabalharem para se alimentarem, por isso, os esqueci (sic) apropriarem da minha casa, peço por favor que tenham bom senso e cumpram o meu pedido, pois cumprindo o meu pedido automaticamente os terão cumprindo a vontade dos pais que desejavam passar este imóvel para o meu nome e todos sabem disso, senão cumprirem o meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não têm nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi"

“Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adúltero poderá ter um contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão, os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio, em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar, após me envolverem neste lençol poderão me colocar em meu caixão. Se possível, quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme. Minha mãe se chama Dicéa Menezes de Oliveira e está sepultada no cemitério Murundu. Preciso de visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida.”

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Bastaria este atestado de insanidade para sabermos que o matador estava enlouquecido. Perdeu o contato com a realidade objetiva. No início da delirante carta, ele até mostra um certo compadecimento para com os animais e demonstra uma certa compaixão. No entanto, logo na sequência, entra em delírio com convicções sobre o perdão divino, coisas que, de certo modo, são reforçadas pelos livros ditos sagrados. O psicopata apela para Deus e o filho Jesus que, segundo a crença dele, o perdoaria dos seus pecados. Ninguém sabe quem será o fiel seguidor de Deus que irá orar pelo perdão da alma dele. Ninguém sabe quem é esse Jesus que o despertará do sono da morte um dia.

O conjunto de crenças enlouquecedoras não pode ser responsabilizado por essas doenças mentais, mas, com certeza, as intensifica. O Jesus do assassino, com certeza, vai perdoá-lo. Disso ele tinha certeza. Mesmo depois de morto, para ele, ainda haveria uma outra vida. Assim, matar, assassinar não era problema algum – estava assegurada a ele uma vida eterna.

Durante séculos, temos vivido em um mundo onde bilhões de seres humanos ainda acreditam que existe uma outra vida, logo ali depois da morte. Isso leva a crer que essa vida que levamos aqui não tem qualquer valor. Há a esperança de um céu para os bons e também um castigo eterno, o inferno para os maus. Mas tudo isso será depois desta vida.

Enquanto não houver educação satisfatória, voltada para valores humanos, respeito à vida, com ênfase no respeito ao outro, na tolerância às diferenças e na plena responsabilidade de todos na construção de um mundo (este mundo) melhor, ainda assistiremos a cenas como as do dia de hoje. Bom seria se os políticos roubassem menos, enrolassem menos e fizessem a parte deles. Se os recursos não fossem desviados para seus bolsos e dos seus favorecidos.

Enquanto os educadores não receberem capacitação adequada, remuneração justa e locais de trabalho condizentes e os educandos não puderem usufruir de espaços de crescimento e desenvolvimento da consciência do bem e da cultura da paz, os psicopatas vão surgir Existe tratamento para psicopatas. Estão os professores capacitados para identificá-los e orientá-los? Estão os pais suficientemente informados e educados para perceber anormalidades no comportamento dos filhos e encaminhá-los para tratamento, antes que as bombas-relógio explodam? Ou será que estão esperando os milagres divinos, as rezas, orações e as poções milagrosas incapazes de deter a doença do corpo e da mente?

Os tiros ainda serão ouvidos por muitos anos. Bom seria se esse fato não tivesse acontecido. Bom seria se vivêssemos em um mundo seguro, harmônico e pleno de paz. Somos todos responsáveis por ele. Todos nós.

OBSERVAÇÃO:

SERES ABJETOS COMO ESSE PSICOPATA NÃO DEVERIAM TER SEUS NOMES DIVULGADOS, NEM SEU CORPO COLOCADO EM QUALQUER LUGAR QUE PUDESSE SER VISITADO. DEVERIAM APROVEITAR DELE O QUE FOSSE POSSÍVEL PARA AMENIZAR O SOFRIMENTO DE MUITOS QUE PRECISAM DE ÓRGÃOS. DEPOIS, TER OS RESTOS INCINERADOS E SUAS CINZAS USADAS COMO ESTERCO.

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