NEM DEUS NEM SATANÁS

Muito do que acontece na esfera humana é atribuída a Deus e a Satanás, apesar de que nem um nem outro tenha participação no fato ou ocorrência. Há um jargão no meio evangélico que diz “Deus está no comando de tudo”. Verdade? Então por que existem fatos e ocorrências tão ruins que acontecem no meio da humanidade, e, também, entre os que se têm como servos seus? Se assim é, então esse deus é mau. Façamos algumas considerações sobre o tema.

Certa ocasião eu estava na casa de uma pessoa evangélica, a qual estava fazendo um louvor que precederia uma oração, e, em dado momento, ela se esqueceu de parte do louvor. Ela então ficou um tanto desconcertada e disse: “Mas o diabo é sujo, não é?” Bem, se um diabo pôde interferir na sua mente e fazê-la esquecer do cântico é porque ele tinha acesso a ela, a sua mente. Nesse caso ele tinha trânsito livre na sua mente.

Não raro ouço dizer que Deus colocou uma doença em alguém; que uma criança ou alguém morreu porque Deus quis; e também: “se Deus quis assim. . .”, “Seja o que Deus quiser”, “Se é da vontade de Deus. . .” E isso quando acontece alguma fatalidade. Será que Deus quis? Queria Ele tal ocorrência? Vejamos:

Se Deus estivesse no comano de tudo, com certeza que coisas ruins não deveriam ocorrer com aqueles que estivessem andando em integridade diante dEle.

Quando Jesus disse que no mundo teríamos aflição, é por causa do mundo, o qual são os ímpios e pecadores, os quais afligem o povo de Deus. Veja:

Não terão conhecimento os que praticam a iniquidade, os quais comem o meu povo, como se comessem pão, e não invocam ao Senhor? Sl. 14:4.

Então quem aflige o povo de Deus é alguém que não teme ao Senhor, não tendo o conhecimento dEle, de Deus, o que coresponde a não observância dos seus mandamentos, conforme I João 2:3.

Ora, se nenhuma angústia vem sobre um justo, conforme Provérbios de Salomão, então a angústia vem sobre quem não é justo, os quais são ímpios e pecadores. Veja:

Nenhum agravo sobrevirá ao justo, mas os ímpios ficam cheios de problemas. Pv. 12:21.

Ainda que nós estejamos sujeitos a passar por certos acontecimentos nesta vida temporal aqui nesta terra, estando Deus no comando de tudo que nos diz respeito, certamente que aqueles que fogem a nossa competência podem ser minimizados e resolvidos por Ele se Lhe apresentamos o problema, pedimos-Lhe a solução e esperarmos nele.

Mas se buscamos solução por meios próprios sem consultá-Lo, podemos ser incluídos em um “ai” previstos nas Escrituras, veja:

Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam conselho, mas não de mim; e que se cobrem, com uma cobertura, mas não do meu Espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado; que descem ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, e para confiarem na sombra do Egito. Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha, e a confiança na sombra do Egito em confusão. Is. 30:1 a 3.

Ora, o mundo, simbolicamente, é o Egito, e, Faraó, Satanás.

Se aqueles que dizem que Deus está no comando de tudo cressem nisso, certamente que não ficariam angustiados quando houvesse com sigo algo adverso.

Por conseguinte, também tenho ouvido por ocasião da morte de alguém, que Deus o chamou porque precisava dele. Será?

No livro de Jó diz que Deus despede alguém para a sepultura, não que Ele o leva pra si. Aliás, Deus não precisa de carniça no céu, e a recompensa dos tementes a Ele, santos e profetas, só está prevista no toque da sétima trombeta, conforme o seguinte texto:

E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre. E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus, Dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste. E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra. Ap. 11:15 a 18.

Também, pelo episódio havido com Jó, vemos que Satanás só o tocou após a permissão de Deus, e segundo o limite estabelecido por Ele, veja:

E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal. Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor. E sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam, e bebiam vinho, na casa de seu irmão primogênito, que veio um mensageiro a Jó, e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pastavam junto a eles; e deram sobre eles os sabeus, e os tomaram, e aos servos feriram ao fio da espada; e só eu escapei para trazer-te a nova. Estando este ainda falando, veio outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os servos, e os consumiu, e só eu escapei para trazer-te a nova. Estando ainda este falando, veio outro, e disse: Ordenando os caldeus três tropas, deram sobre os camelos, e os tomaram, e aos servos feriram ao fio da espada; e só eu escapei para trazer-te a nova. Estando ainda este falando, veio outro, e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito, eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, que caiu sobre os jovens, e morreram; e só eu escapei para trazer-te a nova. Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma. Jó 1:8 a 22.

E disse o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal, e que ainda retém a sua sinceridade, havendo-me tu incitado contra ele, para o consumir sem causa. Então Satanás respondeu ao Senhor, e disse: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Porém estende a tua mão, e toca-lhe nos ossos, e na carne, e verás se não blasfema contra ti na tua face! E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão; porém guarda a sua vida. Então saiu Satanás da presença do Senhor, e feriu a Jó de úlceras malignas, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. Jó 2:3 a 7.

Outrossim, vimos nesse episódio que Jó não atribuiu nenhuma culpa a Deus, conforme Jó 1:22.

Alguém tomou para si a incumbência de criar um sobrinho, o qual em certo tempo manifestou um caráter ruim, contrário ao que dele era esperado. Então tal pessoa passou a dizer que Deus tinha colocado aquele fardo na porta dela, responsabilizando-O pelo fardo que ela espontaneamente tomou para si.

Alguns se irritam e iram com Deus por achar que Ele foi o responsável pela morte de seus queridos, apesar de que muitas dessas mortes foram causadas por atos insanos deles ou de outros, ou tais pessoas foram vítimas de suas imprudências ou também de fatalidades. Algumas dessas mortes estão previstas e poderiam ser evitadas, pois já havia instrução para evitá-las, veja:

Quando edificares uma casa nova, farás um parapeito, no eirado, para que não ponhas culpa de sangue na tua casa, se alguém de algum modo cair dela. Dt. 22:8.

Ainda que o ser humano possa ser vítima de espíritos malignos que podem induzi-lo a morte, eles foram feitos com intelecto e raciocínio, e não autômatos. Muitos dos acidentes que ocorrem poderiam ser evitados e/ou ter suas consequências minimizadas se fosse obedecidas as regras para isso, como o cinto de segurança, corrimãos, piso antiderrapante, etc., além dos excessos, seja de confiança, seja de velocidade.

Alguns colocam seus amuletos, como terços, junto de si nos seus autos, esperando que eles possam lhes proteger, mas negligenciam as normas de segurança ditadas pelas leis de trânsito.

Portanto, é necessário repensar os conceitos e preconceitos quanto a fatos que possam depender de nós.