1º de ABRIL
Primeiro de abril virou mesmo dia oficial da mentira. Neste contexto, firmam-se a galhofa, a picardia, a “pegadinha”, etc. Há, como sabemos, várias histórias a que se lhe atribuem a origem deste dia folclórico. Sua principal origem não é brasileira, mas européia, segundo falam... Particulamente, prefiro o contexto mais local, mais perto de nós e com maiores possibilidades de compreensão factual. Por isto, a enciclopédia livre WIKIPÉDIA nos apresenta a seguinte versão:
“No Brasil, o primeiro de abril começou a ser difundido em Minas Gerais, onde circulou A Mentira, um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. A Mentira saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente”.
Como se vê, nem no primeiro de abril do passado, a nossa política saiu de cena. Como o nepotismo teria se iniciado com Pero Vaz de Caminha que, segundo se comenta teria pedido emprego para um sobrinho ao rei de Portugal, não seria de todo condenável que Dom Pedro tivesse dado (mesmo involuntariamente) origem a mentida do primeiro de abril. Segue-se neste contexto o calote aos credores convocado pela A MENTIRA. Coincidência com Zélia Cardoso Real Collor de Melo? A Zélia de Chico Anísio, aquela zinha mesma. Pois não foi ela que, às vésperas do plano Collor jogou os dados para saber o valor do nosso dinheiro liberado com o confisco das nossas economias!
Como se pode observar a mentira é mesmo nossa permanente companheira. A Lei de Gerson não será corolário disto? Como a mentira é irmã gêmea do fingimento, continuamos um país cheio de mentiras e de fingimentos. Os políticos mentem pra nós e nós fingimos que acreditamos neles; como eles sabem dos nossos fingimentos, fingem também que não são fingidos e, desta forma, cria-se uma cadeia de faz de conta pior do que no Sitio do Pica Pau Amarelo – mais pica do que pau e mais amarelo do que sorriso dissimulado.
Parece mesmo que assim tem caminhado a humanidade, mais no caminho do que na humanidade. Como o que sobra é sempre o caminho, os passos ficam lentos em direção das verdades, enquanto a mentira sai galopando em sua trilha meio filha pródiga e meio prostituta da ressurreição dos vivos. Nesse trilhar das mais intimas dissimulações, seguimos nós contrbuintes tontos e enganados pelo leão sem receita, pela besta fera que nos fere a dignidade de não tendo renda pagar imposto. Outra mentira: importo de renda. Onde é que salário é renda? Renda tem os empresários, mas não pagam nada disto, pois como sempre – e isto não é mentira, “pimenta no fiofó dos outros é refresco” e “o pau continua quebrando na parte mais fraca”. Talvez reste-nos o consolo de que “a vida é dura pra quem é mole” ou mesmo que “toda araruta tem seu dia de mingau”...
Um dia macaco é homem, já se dizia na minha terra. Primeiro de abril taí com toda sua liturgia ligth de humor nem sempre negro, com todo respeito ao politicamente correto. Outra mentira: tratar negro como branco. Criou-se o melindre mentiroso do politicamente correto, quando nem todo politicamente é correto e dificilmente correto é o político. O negro autêntico gosta de ser tratado como tal. Moreninho, preto de alma branca é preconceito do grosso e deve ser condenado. Coisa que às vezes não entendo é que boa parte dos negros só casa com loira de olhos claros. Gosto não se discute, mas se desse ao negro oportunidade de se colocar no lugar do branco ele, certamente, talvez imitasse os brancos preconceituosos. Mentira? Pode ser, afinal não é hoje (primeiro de abril) o dia da mentira? Dou-me a esse direito. Verdade? – Mentira. Meu direito eu não me dou, pois ele se mistura comigo e eu não sei onde começa um nem onde termina o outro. Outro dia estava vendo uma reportagem acerca da pirataria no Brasil. Pensei comigo: o país é todo pirata, mas quem paga a conta são esses que vivem aí ganhando dinheiro com artigos piratas, alternativos e congêneres! Verdade? Mentira! Piratas são os políticos! Chiglings são os pralamentares que nos submetem a todos os tipos de enganação!
No jogo da vida a mentira e a verdade nunca irão se entender. Uma depende da outra, pois se só houvesse escuridão a gente não sabia da luz... Mas como sabemos da luz, então a gente não quer as trevas da mentira e da enganação...