O ÚLTIMO COMETA
Pouca gente conhece a expressão cometa quando ela nada tem haver com o estranho corpo do sistema solar. É uma modalidade de mascate, caixeiro viajante que cortava todo e qualquer interior atrás de vender novidades fabricadas pelas lojas que não tinha como trazer seus clientes até elas. Levavam ainda cartas, mensagens, informações importantes em lugares onde niguém ia e eram queridos pelas moças que aguçadas gostavam das novidades, senhoras e homens que reservavam suas parcas economias em um tempo de Brasil essêncialmente rural. No seu tempo teve realmente grande importância. Lembro que quando precisou na década de 60 da compra de uma acordeon 48 baixos na cidade de Antonio Carlos que não é perto e mais longe a corruptela de Espraiado, um certo João Mané encomendou a um cometa, mandado buscar na cidade de aparecida do Norte, uma Todeschini e até hoje a guarda debaixo da cama há quase 50 anos. Dessa forma enchovais, peças de cama mesa e banho tudo no caderninho e na confiança. Alguns iam de automóveis e outros à cavalo e muitos à pé, e eles nada tinham de parecido com os representantes que levavam naqueles tempos e levam ainda hoje apenas as amostras. O cometa levava de tudo e sempre vendia o que não foi encomendado ficando com novas encomendas para a próxima chegada em dia normalmente previsível e festivamente aguardado.
Faço a homenagem a um grande e ilustre representante do que foi um balconista e lidou com os cometas e sinceramente não tem porque e não dizer que foi um deles. Aliás foi o que mais longe chegou: ex-presidente do SESI, Ex-Senador, EX ministro e Ex- presidente da Republica e grande industrial que na verdade foi o que galgou a partir da condição de balconista. O Nobre Joséde Alencar já entrou para a História do Brasil principalmente ao dar claras mostras de ser o exemplo de brasileiro a ser seguido e ficam aqui nossas eternas saudades ao que considero o ÚLTIMO COMETA conhecido.