Cáritas
Cáritas
Antonio Paiva Rodrigues
“Não penseis que vim para revogar a lei e os profetas; não vim revogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo: passará o Céu e a Terra, mas de modo nenhum passará da lei um só i ou um til sem que tudo se cumpra”.
(Mateus, V-17-18.)
A prece de Cáritas é divina, sua denominação e sua origem têm sido estudadas e pesquisadas; mas se perguntarem à maioria dos religiosos como ela surgiu, e a denominação de Cáritas, poucas pessoas arriscam dar um parecer. “Chamo-me Caridade, sou o caminho principal que conduz a Deus; segui-me eu sou a meta a que vós todos deveis visar”. O que se apregoa nos meios religiosos e principalmente no movimento espírita é que Cáritas é um espírito que se comunicava através das faculdades de uma das grandes médiuns de seu tempo, Mme. W. Krell, num círculo espírita de Bordeux, na França de Allan Kardec. Isto só não basta; como também não gosto que abreviem o nome das pessoas, é de bom alvitre que a conhecemos por seu nome completo. Quando se fala em Mme. Krell logo vem a pergunta: o que significa a letra W é aí surge uma nova pesquisa. Se muitas criaturas, estudiosos, desconhecem a origem deste nome; imaginem quem foi Cáritas quando esteve encarnada neste mundo de provas e expiações. Eu, na minha simplicidade, através de meus parcos conhecimentos consegui chegar até a época do Imperador Diocleciano, e chegar até a figura de Irene que foi martirizada em Roma no ano de 305 quando das perseguições do Imperador acima epigrafado. Canonizada por sua religião, a posteriori veio a ser conhecida como Santa Irene, ela foi convertida ao Cristianismo e tinha duas irmãs. Citado Imperador determinou perseguição aos cristãos, ela foi acusada de possuir “livros proibidos” e foi condenada a fogueira e suas irmãs foram degoladas à sua frente. Que crueldade meu Deus! Vale ressaltar que existem mais de uma santa Irene, e as informações podem até ser confusa, no Evangelho Segundo Espiritismo e na Revista espírita existem várias mensagens de Cáritas editada por Allan Kardec. Essas mensagens são belas, estimulam a fraternidade, a solidariedade e a caridade. A prece foi psicografada pela Madame W. Kreel, na véspera de um Natal de dezembro de 1873, portanto há mais de cem anos. A Madame Krell, esquecida no presente pode ser considerada um dos maiores médiuns psicográficos da história do Espiritismo. A perfeição extraordinária de mensagens psicografadas dos maiores nomes da poesia francesa não poderia jamais colocar o nome da médium em cheque.
Cito Lamartine, André Crênier, SAINT_BEUVEE e Alfred de Musset, a grande médium recebeu do poeta americano Edgard Allan Poe, excelentes páginas poética, como o nosso Francisco de Paula Cândido Xavier, de saudosa memória, recebeu de poetas brasileiros e portugueses e estão expostas na sua primeira obra psicografada; Parnaso de Além Túmulo. Na prosa Madame Kreel recebia constantes comunicações do Espírito de (da) Verdade, Dumas, Lacordaire, Lamennais, Pascal, do famoso grego Ésopo, Fénelon e outros. No livro “Rayonnementes de la Vie Spirituelle”, cuja publicação ocorreu em maio de 1875, em Bordeaux (França). Ressalte-se que madame Kreel psicografava em transe. A suave Cáritas, e as mulheres em geral, vir até vós, minha mais bela toilette fluídica. Chego a vós, minhas irmãs, meus irmãos, carregada de felicidade espiritual que cai sobre vós como um orvalho”. O ácido da psicografia, da lavra de Lamartine, André Chénier, Alfred de Musset, Edgard Allan Poe, Saint-Beuve. “Como servir a religião espiritual” e “A esmola espiritual”, são também mensagens da madame Kreel, há muitas maneiras de fazer a caridade que tantos de vós confundem com esmolas. Não obstante, há grande diferença entre elas.
A esmola, meus amigos, algumas vezes é útil, porque alivia os pobres. Mas é quase sempre humilhante tanto para quem dá, quanto para quem a recebe. A caridade, pelo contrário, liga o benfeitor e o beneficiário e, além disso, se disfarça de tantas maneiras! A caridade pode ser praticada mesmo entre colegas e amigos, sendo indulgentes uns para com os outros, perdoando-se mutuamente suas fraquezas, cuidando de não ferir o amor–próprio de ninguém.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES/MEMBRO DA ACI/ACADÊMICO DA ALOMERCE