O Amor Exigido
Autor: Ed Borges
“Amai a Deus acima de todas as coisas. Amai ao próximo como a ti mesmo.” - Jesus Cristo.
A ordem é bem clara: amar ao próximo como a ti e a Deus acima de tudo. Acima, portanto, de mim mesmo. E então Deus não seria um “próximo” meu, caso contrário eu deveria amá-lo igual a mim. Desta forma eu não devo me dar o amor na mesma qualidade como eu dou a Deus; não o meu melhor, portanto não devo dar o meu melhor para o próximo também! Este distanciamento que se impõe entre Deus e os homens não serve à base da palavra religião; que, ao contrário, significa re-ligação! Basicamente eu não posso crer num Deus sempre maior que tudo. Sem experimentar a magnífica sensação de se superar. Não, não posso entender um Deus grandioso que se furta o privilégio de vencer. Pois, para vencer, é necessário que os competidores estejam em iguais condições. Salvo isso, o pódio seria dado ao lobo que vence o frango numa luta aberta. Neste momento, ‘ganhar’ não significaria ‘vencer’. Não concebo um Deus que não seja vitorioso. Um Deus que não luta contra um oponente de mesmo quilate e o vence. A eterna vigilância em cumprir as “ordens divinas” deriva exatamente do medo, não do desejo natural, da emoção verdadeira que brota da alma e assim se torna uníssono com o criador. Cumprir uma ordem apenas por sujeição é sinal de hipocrisia. Talvez por isso, Jesus Cristo tenha chorado na hora da morte: “Não se faça a minha vontade, mas a tua”.