BOBINHOS

BOBINHOS

A turma da base do governo – aquela que empenha até a alma ao diabo em troca de uma vantagem ou de um cargo, não consegue ainda, em pleno século XXI, diferenciar bom senso de idiotice, pelo menos a maioria que atua na tribuna do senado brasileiro. Quarta-feira, dia 23/02/2011, em sessão que se estendeu até as 23 horas, mais ou menos, nossos bobinhos estiveram reunidos para discutirem e aprovarem o novo salário mínimo a vigorar a partir do próximo mês de março. Nossos senadores, pelo menos alguns que ouvimos falar, inclusive um de nossos representantes na casa cujo patrono, chamou-se Rui. Dentre as muitas bobagens ditas, uma, particularmente, nos chamou a atenção foi a vinculação do salário mínimo ao valor do dólar. Qualquer cidadão de cultura mediana sabe que o valor do dólar flutua segundo as circunstâncias mercadológicas internacionais, porém nossos senadores, não sabem, ou fingem não saber, que no início da era Lula (fev/2003) o dólar estava cotado em R$ 3,590 e que a conversão do salário mínimo aprovado no dia ao qual nos referimos, chegaria a apenas US$ 154,5, porém, se levarmos em conta o atual valor do dólar (R$ 1,67), e fizermos a conversão com base nesse valor, teremos um SM equivalente a US$ 326, ou seja, nós estamos muito bem obrigado, pois em oito anos, mais que duplicamos o nosso salário mínimo,isto se nossa moeda fosse dólar. Dizer que o governo de Dilma quer chegar em 2015 pagando um salário mínimo de US$ 700, é no mínimo, uma leviandade, pois senador nenhum e nem a própria presidente Dilma tem condições de afirmar que o valor do dólar vai permanecer estável até o final de seu governo. Quem como nós, assistiu à sessão do senado que aprovou o novo salário mínimo deve ter se convencido de que as despesas que, por lei, são levadas em conta na composição do salário mínimo, tais como alimentação, saúde, transporte, lazer, educação, moradia e previdência, não passam artifícios usados para enganar nossa pobre população e também deve ter chegado à conclusão de que os bobinhos somos todos nós que insistimos em garantir R$ 40 milhões/ano para manter cada um de nossos senadores. Como democracia significa também analisar e questionar o custo benefício das despesas governamentais cabe-nos cobrar de nossos senadores uma maior e melhor atuação parlamentar. Noutras palavras, não mais sermos bobinhos.

Rui Azevedo

Publicado no jornal Diário do Povo – Teresina-PI em 04.03.2011

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 12/03/2011
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