Apnéia Intelectual - O Oligo-braço ditatorial
Nós somos a geração da prolixa globalização,
somos irmãos sem muros físicos, assim,
podendo partilhar de um mesmo momento/espaço,
ainda estando nossos corpos a milhares de quilômetros de distância.
Esta paradoxal conquista humana,
além do seu próprio efeito revolucionário e integrador,
também gera alguns efeitos colaterais, imediatos e ao longo prazo,
sendo alguns deles impactantes, mas benéficos no decorrer.
E outros sutis, mas devastadores em seu prólogo,
certamente dignos do título de hecatombe da humanidade.
Ao atrito da engrenagem do tempo, e talvez míopes pelas faíscas,
fomos nutrindo e fortalecendo com nossa omissão
os “meia dúzia” de donos do Mundo e assim decidimos estagnar,
contritos e conformados, diante da poderosa arma de inovação
e mudança que esta (muito mais agora do que antes)
ao alcance dos nossos dedos,
mas como possuí-la se abrimos mão de nossos dedos?
Nossos mentores empíricos foram obrigados a engolir
o (minuciosamente preparado) retrocesso estomacal dos diretores
“ativos” da cúpula do poder, ou simplesmente,
os membros da crosta podre impregnada em nosso país há cinqüenta anos.
De contraponto nós, optamos deliberadamente
por essa voluptuosa dieta alimentar, e a cada dia que passa
sentimos e enxergamos as chagas que essa alimentação tem nos ocasionado.
Até hoje em nossos dias pós-modernos,
podemos vislumbrar os caiados dutos da cúpula
em pleno funcionamento e em vital vigor,
vital, pois ainda em nossos dias vemos um oligo-braço
que nos “obriga” a assistir o sádico e macabro “show da vida”
proporcionado pelos ceifadores de almas
de nosso usurpado país e do mundo.
Em especial, neste pútrido duto vemos como a proliferação
de micro-organismos perniciosos a nossa saúde físico/mental
tem crescido a cada “não-passo” nosso, ou a cada inação nossa,
desta forma manipulando, distorcendo, embaçando, filtrando,
e também nos servindo convenientemente e a doses homeopáticas
a verdade sobre fatos e acontecimentos contemporâneos,
mas principalmente se dedicando a enterrar e acelerar a decomposição
de seu próprio passado, sem abandonarem o objetivo
de escreverem o seu próprio amanhã em nossos diários.
Mas, até quando continuaremos coniventes com isso?
Até quando continuaremos abastecendo a soberba mesa
do banquete pagão destes apanhadores de almas?
Só a partir do momento em que tivermos coragem suficiente
para praticarmos apnéias intelectuais, religiosas,
culturais, políticas, musicais, etc.
É que poderemos extrair de nossa utopia
a tão levianamente almejada mudança.