O CONHECIMENTO E A CONSTRUÇÃO DA INVEJA ALHEIA
Às vezes vejo-me cumprindo pena diante dos livros e fico a imaginar o quanto a vida é draconiana para nós. A enormidade de conhecimento produzido pela humanidade leva-nos a perder (ou ganhar) grande parte das nossas preciosas vidas (e tempo) estudando.
Quando as forças começam a se esvair do nosso corpo e o sono começa a se apoderar de nós, recorremos a produtos naturais como a cafeína e o guaraná ou a outros produtos industrializados. O importante é não parar de estudar, mesmo isso resultando no sacrilégio de nossas necessidades básicas. Aonde a humanidade quer chegar?
A cada século que passa, o conhecimento se torna mais extenso, porém, acessível a cada vez mais pessoas. Esse fator se fortaleceu com o advento da internet. Eis, definidamente, o fim da idade das trevas imposta pela igreja católica. Contudo, o saber vem perdendo a sua “razão de ser”. Agora possui a “razão do ter”.
Raríssimas são as pessoas que estudam prazerosamente. Essa penosa atividade é impulsionada por interesses capitalistas. Os colegas de classe agora são concorrentes e os vizinhos invejosos. Estuda-se para ter um carro igual o “daquele” colega para que o vizinho “olho grande” morra de inveja. Já notou que és igualmente cobiçador? A competitividade leva os valores sociais a se desvanecer pouco a pouco.
Volto agora aos livros, pois enquanto escrevo o concorrente da baia de estudos ao lado avança. Contradição? Tenho que admitir que sim! Infelizmente eu também estou vivenciando a ditadura da beleza e do estudo. Aquele que não seguir as regras desta ditadura é condenado a pisar eternamente o território da inveja, pois, assim diz um provérbio bíblico: “Feliz é o homem sábio, pois na mão direita, a sabedoria lhe garante vida longa; na mão esquerda, riquezas e honra”.